Agência France-Presse
postado em 18/05/2011 16:59
Quito - Os Estados Unidos pediram um acordo entre a oposição para evitar a chegada de Rafael Correa à Presidência do Equador em 2006, segundo um documento diplomático americano divulgado nesta quarta-feira (18/5) pelo jornal El Comercio.O relatório elaborado no dia 31 de outubro de 2006 pela embaixada americana em Quito indica que a chefe dessa representação, Linda Jewell, reuniu-se um dia antes com o ex-presidente Lucio Gutiérrez para "ver a possibilidade de um potencial apoio" de seu partido Sociedade Patriótica (SP) ao candidato direitista Alvaro Noboa.
"A embaixadora notou que uma vitória de Noboa, embora possível, não era segura", enquanto que um triunfo "de Correa poderia ameaçar os progressos econômicos feitos durante o governo de Gutiérrez (derrubado em 2005 por uma revolta popular)", indicou o telegrama assinado por um diplomata identificado apenas como "Brown".
"Gutiérrez poderia proteger este legado ajudando Noboa a consolidar sua liderança nas pesquisas e romper o círculo de instabilidade política que causou a sua própria queda, trabalhando juntos no novo Congresso", acrescentou Jewell.
O empresário agrícola havia vencido o primeiro turno das eleições presidenciais no dia 15 de outubro de 2006 derrotando o socialista Correa, que se recuperou no segundo turno e saiu vencedor no dia 26 de novembro.
Outro diplomata americano citado apontou que Gutiérrez poderia dar uma "enorme contribuição para ajudar a enfrentar a retórica de Correa e educar os eleitores sobre os benefícios" de um Tratado de Livre Comércio com os Estados Unidos, rejeitado pelo atual chefe de Estado.
No entanto, a aliança entre Gutiérrez e Noboa não deu certo devido à rejeição deste em aceitar um "compromisso" do ex-mandatário de "punir" os responsáveis pela sua queda, principalmente Alfredo Palacio, seu vice-presidente que assumiu o poder após a revolta, de acordo com o relatório.