Mundo

Talibãs atacam base militar no Paquistão para vingar morte de Bin Laden

Agência France-Presse
postado em 23/05/2011 14:58
Karachi - O exército paquistanês retomou o controle de uma base aeronaval nesta segunda-feira (23/5), depois de 17 horas de combates que deixaram dez militares mortos em Karachi, no sul do país, atacada por um comando talibã suicida que tentavam vingar a morte de Osama Bin Laden.

O exército paquistanês sofreu novas baixas no pior momento, no centro de uma de suas sensíveis instalações na maior cidade da única potência militar nuclear do mundo muçulmano.

O exército está sendo questionado por Washington, que desconfia do fato do líder da Al-Qaeda ter morado por anos tranquilamente na cidade onde há um quartel, e por uma opinião pública profundamente anti-americana que se pergunta como os americanos podem entrar e executar impunemente Osama Bin Laden.

Os detalhes da operação eram confusos na tarde desta segunda-feira.

O ministro paquistanês do Interior, Rehman Malik, anunciou que todos os terroristas estavam mortos, mas logo se corrigiu.

"Entre quatro e seis terroristas" entraram no domingo por volta das 23h00 na base militar do centro da capital econômica do país, de 16 milhões de habitantes, utilizando "escadas" para passar por cima dos muros da base, declarou.

"Quatro morreram", dos quais um que teria explodido o colete de bombas que levava preso ao corpo, e "dois teriam fugido", afirmou revisando o balanço das baixas dos militares, o número de mortes de 13 foi reduzido para dez.

Responsáveis paquistaneses tinham mencionado anteriormente entre 10 e 15 terroristas mortos, enquanto os talibãs diziam que eram entre 15 e 20 camicases.

Uma vez dentro da base, os terroristas fizeram disparos com armas leves e lança-foguetes, destruindo dois aviões de vigilância costeira da Marinha P-3C Orion entregues pelos Estados Unidos, segundo o porta-voz da marinha.

Dezessete estrangeiros, dos quais 11 trabalhadores chineses, saíram ilesos do ataque, acrescentou Rehman Malik desmentindo informações segundo as quais alguns teriam sido levados como reféns.

O Movimento dos Talibãs do Paquistão (TTP), um grupo que se uniu à Al-Qaeda e que desde 2007 realiza atentados mortais em todo o país, assumiu o ataque na manhã desta segunda-feira.

"Organizamos este ataque para vingar a morte de Osama", declarou por telefone à AFP Ehsanullah Ehsan, porta-voz do movimento.

O TTP tinha jurado vingar a morte de Bin Laden, executado em 2 de maio por um comando americano que invadiu a casa utilizada por esconderijo pelo líder terrorista em Abbottabad, atacando principalmente as forças de segurança de segurança. Os talibãs acusam Islamabad e o exército paquistanês de serem cúmplices da ação dos EUA.

O TTP e grupos islâmicos aliados continuam uma campanha de atentados suicidas e de ataques que já deixaram 4.400 mortos em cerca de quatro anos. Este é o terceiro ataque que assumem em represália à morte do líder da Al-Qaeda.

O primeiro, um duplo atentado suicida no centro de treinamento da polícia em Shabqadar (noroeste do país), deixou 98 mortos no dia 13 de maio.

O TTP reivindicou a responsabilidade por um atentado à bomba contra veículos de diplomatas do consulado dos EUA em Peshawar, no qual morreu um pedestre e quatro ficaram feridos.

No domingo, milhares de pessoas se manifestaram em Karachi para exigir que terminem os ataques quase diários de aviões não tripulados da CIA nas zonas fronteiriças do Afeganistão no noroeste, um reduto do TTP e santuário da Al-Qaeda.

Nesta segunda-feira sete militantes islâmicos morreram após o ataque de um avião não tripulado no noroeste.

A polícia e o exército paquistanês têm sido os principais alvos dos atentados e ataques do TTP desde meados de 2007 quando, junto con Bin Laden, o movimento decretou "guerra santa" à Islamabad e a suas forças de segurança.

No dia 10 de outubro de 2009 um grupo de talibãs atacou o quartel do exército de Rawalpindi, matando 11 militares e três refénes antes de cair sob os tiros das forças de segurança.

Tags

Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor. As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação