Agência France-Presse
postado em 23/05/2011 16:13
Nova York - O ex-diretor do FMI, Dominique Strauss-Kahn, em prisão domiciliar em Nova York, acusado de crimes sexuais, vive um "pesadelo" segundo carta enviada à instituição financiera, enquanto procura um novo apartamento em uma cidade onde ninguém parece querê-lo como morador."Estes últimos dias foram muito dolorosos para minha família e para mim, bem como, eu sei, para todos no Fundo. Estou realmente desolado", escreveu o ex-chefe do FMI, em e-mail assinado "Dominique" e redigido em inglês no domingo.
"Nego nos termos mais fortes possíveis as acusações contra mim: estou convencido de que a verdade será conhecida e que serei declarado inocente", acrescentou.
"Enquanto isso, não posso aceitar que o Fundo - e vocês, meus queridos colegas - tenham que compartilhar o pesadelo que estou vivendo. Era necessário, pois, que eu saísse", afirmou Strauss-Kahn.
Em prisão domiciliar desde a tarde de sexta-feira, seis dias depois de sua detenção por denúncia de agressão sexual contra a camareira de um hotel, Strauss-Kahn renunciou ao posto de diretor-gerente do FMI, esta quarta-feira, através de carta.
Strauss-Kahn, de 62 anos, está atualmente em um apartamento no sul de Manhattan que pertence à companhia encarregada de sua estrita segurança e onde só pode ficar por alguns dias.
Por enquanto, ele só é autorizado a sair por razões médicas. Quando for transferido à residência "definitiva" enquanto durar o julgamento, Strauss-Kahn terá direito a assistir a audiências judiciais, reuniões com seus advogados, visitas ao médico e à sinagoga.
O problema é que sua presença não é bem vista e inclusive no apartamento onde está residindo provisoriamente, transformado em atração turística, vários vizinhos declararam mal-estar por tê-lo por perto.
Strauss-Kahn deixou a prisão de Rikers Island em troca de condições estritas, entre elas o pagamento de uma fiança de um milhão de dólares em dinheiro e outros cinco milhões de dólares em garantias.
Enquanto isso, os investigadores trabalham nas provas a apresentar como evidências para sustentar a denúncia da funcionária do hotel, uma guineana de 32 anos.
Os resultados dos supostos vestígios de DNA de Strauss-Kahn recolhidos na vítima e no quarto do hotel Sofitel onde ele se hospedou devem ser conhecidos no começo desta semana, mas não serão divulgados antes do processo, segundo a promotoria.
"Não divulgaremos evidências antes do processo", disse à AFP um porta-voz do tribunal, Erin Duggan.
A próxima audiência no Tribunal Criminal de Nova York está prevista para 6 de junho e nela, Strauss-Kahn poderá se declarar não culpado das acusações que pesam contra ele.
Caso seja considerado culpado das sete acusações, Strauss-Kahn pode ser condenado a até 74 anos de prisão.
Diante desta possibilidade, o governo francês anunciou estar disposto a apoiar uma demanda de sua parte para cumprir a pena na França, declarou no domingo o ministro do Interior francês, Claude Guéant.
Quanto à sua sucessão na direção do FMI, foi aberta oficialmente na segunda-feira com a ministra francesa das Finanças, Christine Lagarde, como grande favorita, e pelo menos três adversários declarados, entre eles o mexicano Agustín Carstens.
Muito prudente, Lagarde declarou na segunda-feira à rede de televisão americano CNBC que é "prematuro" se pronunciar e que não corresponde a ela tomar uma decisão a respeito.
O conselho administrativo, integrado por representantes de 24 países ou grupos de países, terá que analisar até 10 de junho as candidaturas recebidas. Seu "objetivo" é nomear um novo diretor executivo "para 30 de junho".