Agência France-Presse
postado em 26/05/2011 14:57
Madri - O governo líbio anunciou, nesta quinta-feira (26/5), ter pedido à ONU e à União Africana que fixassem a data e a hora para um cessar-fogo, mas descartou novamente um distanciamento de Muamar Kadhafi do poder."Pedimos às Nações Unidas e à União Africana para marcar data e hora precisas para um cessar-fogo, enviar observadores e tomar as disposições necessárias" para o fim dos combates, declarou o chefe do governo líbio, Baghdadi Al-Mahmudi, durante entrevista coletiva.
Segundo as capitais ocidentais, a Líbia anunciou em várias ocasiões um cessar-fogo sem, no entanto, respeitá-lo.
O premier informou que "os cessar-fogo anunciados pelo regime não foram respeitados por todas as partes".
Mas, desta vez, o regime "é sério em sua proposta, que deve coincidir com um fim dos combates de todas as partes, especialmente da Otan", disse.
De acordo com um porta-voz da presidência do governo espanhol, Madri "recebeu, nesta quinta-feira, mensagem do governo líbio pedindo um acordo".
A mensagem foi dirigida à Espanha, que participa da operação militar em curso na Líbia, enviada por Mahmudi, disse o porta-voz, sem especificar se se tratava de uma carta ou outro tipo de mensagem.
"Evidentemente, todos somos a favor de um cessar-fogo na Líbia, mas para isto deve haver uma série de condições e circunstâncias políticas", disse o porta-voz, afirmando que a Espanha "neste sentido tem que concordar com os outros governos europeus".
Al-Mahmudi descartou a saída do poder do coronel Kadhafi.
"Muamar Kadhafi está no coração de todos os líbios, se ele se for, os líbios irão com ele", declarou.
Segundo ele, o Guia é o símbolo do país e não responsável pelo executivo líbio ou pela política externa do país.
O jornal britânico The Independent afirmou na quinta-feira que Baghdadi Mahmudi estaria pronto para enviar uma mensagem aos dirigentes internacionais para propor um cessar-fogo imediato sob o controle das Nações Unidas (ONU).
De acordo com a carta à qual o veículo britânico teve acesso, o regime do ditador Muamar Kadhafi está disposto a se entender com os rebeldes, declarar anistia e discutir uma nova constituição.
"A futura Líbia será completamente diferente daquela que existia há três meses", garante Baghdadi Mahmudi na carta, da qual o jornal publica trechos. "Este sempre foi o nosso projeto, mas agora temos que acelerá-lo", acrescenta.
"Para isso, devemos pôr fim aos combates, iniciar os diálogos, os entendimentos a respeito de uma nova constituição e criar um sistema de Governo que reflita a realidade da nossa sociedade e que esteja de acordo com as exigências de um regime moderno", considera o chefe do governo líbio.
De acordo com uma fonte do governo britânico citada pelo The Independent, os países ocidentais poderiam aceitar um cessar-fogo sob a condição de que Kadhafi partisse para o exílio.
O presidente americano, Barack Obama, e o primeiro-ministro britânico, David Cameron, se comprometeram na quarta-feira a manter a pressão militar sobre o regime líbio.
Por outro lado, o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, reiterou o pedido às autoridades da Líbia por um "verdadeiro cessar-fogo" e por "negociações sérias" a respeito da transição política.
Em 15 de maio, Baghdadi Mahmudi já havia confirmado que o regime libanês estaria disposto a um cessar-fogo imediato, o que levaria também a o fim dos bombardeios pela Otan. A afirmação foi feita durante encontro com o enviado especial da ONU, Abdel Ela Al Jatib.