Agência France-Presse
postado em 26/05/2011 15:15
Deauville - O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, aplaudiu nesta quinta-feira (26/5) a "determinação" do presidente sérvio Boris Tadic para prender o ex-comandante sérvio bósnio Ratko Mladic, condenado pela Justiça internacional por crimes de guerra na antiga Iugoslávia."Há 15 anos, Ratko Mladic ordenou a execução sistemática de cerca de 8.000 homens e crianças desarmadas em Srebrenica. Hoje, está atrás das grades", disse Obama em uma declaração escrita divulgada na cúpula do G8 na localidade francesa de Deauville (noroeste).
"Cumprimento o presidente Tadic e o governo da Sérvia por sua determinação em garantir que Mladic fosse encontrado e enfrentasse a Justiça. Esperamos sua transferência expeditiva para Haia", completou.
Obama disse que a prisão de Mladic representava "um dia importante para as famílias das diversas vítimas de Mladic, para a Sérvia, a Bósnia, para os Estados Unidos e para a Justiça internacional".
"Apesar de não podermos trazer de volta aqueles que foram assassinados, Mladic deverá responder agora a suas vítimas a ao mundo em uma corte legal", informou Obama.
Mladic, 68 anos, condenado por genocídio, crimes de guerra e contra a humanidade pelo Tribunal Penal Internacional (TPI), era alvo de um mandado de prisão internacional desde 1996. Mladic, o homem mais procurado da Europa, atuou como chefe do Exército da Sérvia durante a guerra da Bósnia.
"Detivemos Ratko Mladic hoje (quinta-feira) de manhã. O processo de extradição está em curso", afirmou o presidente sérvio nesta quinta-feira, aludindo à transferência do ex-comandante para ser julgado pelo TPI de Haia.
O procurador do TPI para a antiga Iugoslávia, Serge Brammertz, declarou nesta quinta-feira à AFP que a Sérvia "cumpriu uma de suas obrigações internacionais" com a captura de Mladic.
"Ao prender Mladic, a Sérvia cumpriu uma de suas obrigações internacionais, que era a prisão de fugitivos", declarou Brammertz por telefone da Croácia.
A chefe da diplomacia europeia, Catherine Ashton, saudou nesta quinta-feira a detenção do ex-chefe dos sérvios da Bósnia, e pediu que ele seja levado imediatamente ao TPI.
Ashton "espera que Ratko Mladic seja transferido imediatamente para o Tribunal Penal Internacional para a ex-Iugoslávia", declarou seu porta-voz, Michael Mann, em seu perfil no Twitter.
Mladic é acusado de genocídio por seu papel durante o conflito bósnio (1992-1995).
O genocídio, que define crimes cometidos "com a intenção de destruir, totalmente ou em parte, um grupo nacional, étnico, racial ou religioso como tal", é o delito mais grave reconhecido pelo Direito Internacional, embora seja um dos mais difíceis de serem comprovados.
O TPI para a ex-Iugoslávia divulgou em 1995 a ata de acusação, em particular por genocídio no massacre de Srebrenica, contra o general sérvio-bósnio Ratko Mladic.
O massacre de cerca de 8.000 adolescentes e homens muçulmanos em Srebrenica (Bósnia) em julho de 1995 é o único episódio das guerras na ex-Iugoslávia classificado como "genocídio" pelo TPI.
O Tribunal Internacional de Justiça (TIJ), máxima instância judicial das Nações Unidas, confirmou no final de fevereiro de 2008 que este massacre foi um genocídio.