Agência France-Presse
postado em 29/05/2011 13:55
SANAA - Generais dissidentes acusaram neste domingo o presidente iemenita Ali Abdallah Saleh de ter entregue uma província do sul aos "terroristas", depois que supostos elementos da Al-Qaeda assumiram o controle da cidade de Zinjibar. Em Sanaa, a tensão continua sendo grande, apesar da consolidação de uma trégua entre as forças da ordem e milícias do poderoso chefe tribal dos Hached, xeque Sadek al-Ahmar, que se enfrentaram no começo da semana.Uma autoridade iemenita anunciou que homens armados que seriam ligados à Al-Qaeda tomaram o controle da cidade de Zinjibar, após um confronto com o exército que deixou 23 mortos, incluindo cinco civis, neste domingo.
Em um comunicado, oficiais dissidentes (entre eles o general Ali Mohsen al-Ahmar, que aderiu à revolta em março) acusaram Saleh de ter "entregue a província de Abyane aos grupos terroristas armados", e pediram ao exército que os combatam. Além disso, afirmam que Saleh "dividiu o exército iemenita", e exortam as unidades ainda fiéis ao chefe de Estado que se unam aos protestos.
A oposição estimou que Saleh "entregou a cidade a grupos armados" para "levantar a bandeira da Al-Qaeda" e continuar tendo um apoio internacional.
O presidente, que se recusa a deixar o poder apesar da pressão popular, afirmou recentemente que a insegurança pode provocar a queda de várias províncias do sul e do leste nas mãos da Al-Qaeda.
Segundo um dirigente local, mais de 200 homens armados invadiram Zinjibar na sexta-feira, enfrentando as forças do governo. "Não resta mais que uma brigada mecanizada, que está cercada", acrescentou. "Os homens armados executaram os soldados que haviam se rendido e nos impediram de enterrar os militares mortos, então seus cadáveres ficaram expostos ao sol", contou um morador da região, que pediu o anonimato.
Dezenas de famílias já fugiram da cidade, "tomada por homens armados que dizem pertencer à Al-Qaeda".
Na capital, seguindo um acordo, os homens do xeque Ahmar começaram a deixar os prédios públicos que haviam invadido no começo da semana, em combates que deixaram pelo menos 68 mortos.
Depois do ministério da Administração local, eles devem abandonar outros edifícios, entre eles a sede da agência de notícias oficial SABA. "Não queremos enfrentamentos em Sanaa, mas Ali Abdallah Saleh quis provocar uma guerra civil, atacou nossas casas e nós nos defendemos", disse à AFP o xeque Hachem al-Ahmar, irmão do xeque Sadek.
No resto da cidade, barreiras foram montadas pelas forças leais ao presidente Saleh e por unidades do exército, em meio a uma mobilização reforçada de blindados e metralhadoras.