Agência France-Presse
postado em 29/05/2011 15:55
Damasco - Confrontado com um inédito movimento de protesto contra o presidente Bashar Al Assad, o regime sírio enviou nestas últimas semanas o exército para várias cidades, em particular Tal Kalaj (150 km a noroeste de Damasco), Homs (centro), Banias (noroeste) e Deraa (sul), onde se concentram as manifestações."Dezenas de tanques cercaram as cidades de Rastan e Talbiseh ao amanhecer, assim como a localidade de Teir Maaleh", que fica entre Homs e Hama, contou à AFP um ativista dos direitos humanos.
"Os tanques ocupam a estrada que liga as cidades de Homs e Hama".
"Dois civis morreram hoje (domingo) em Rastan, atingidos por disparos das forças de segurança, quando estas e o exército entraram na cidade", enquanto outros três faleceram em Talbiseh, indicou um segundo ativista, que pediu o anonimato.
"Mais de 100 feridos já foram levados para os hospitais (...) de Homs", terceira maior cidade da Síria, a 160 km de Damasco.
O chefe do Observatório Sírio dos Direitos Humanos, Rami Abdel-Rahman, falou de Londres à AFP que "os registros começaram" em Talbiseh, que na noite de sexta-feira foi palco de uma importante manifestação contra o regime do presidente Bashar Al Assad.
Os militantes pró-democracia criaram uma página no Facebook em homenagem a Hamzeh Al Jatib, um jovem de 13 anos "torturado e morto", segundo eles, pelas forças de segurança em Deraa, onde começou o movimento.
O adolescente teria decidido participar das manifestações depois da morte de um primo, assassinado pela polícia. Foi detido no dia 29 de abril, e sua família não teve mais notícias dele, até que seu corpo foi entregue na última quarta-feira.
Os ativistas afirmam haver marcas de tortura em seu corpo, e que seu pescoço estava quebrado.
"Somos todos Hamzeh (...). Vamos sair de cada casa e cada bairro para expressar nossa ira", escreveram os militantes no Facebook.
Para Abdel Rahman, "não podem continuar escondendo as torturas em Deraa e outros lugares. É necessário que as autoridades sírias julguem os torturadores de Hamzeh Al Jatib e todos os outros".
Várias ONGs informaram que mais de 1.000 pessoas já foram mortas e 10.000 detidas desde o início dos protestos na Síria, em 15 de março.
Já as autoridades sírias, que atribuem as manifestações a "grupos criminosos" e "grupos terroristas", informaram que 143 policiais, soldados e integrantes das forças de segurança perderam a vida desde então.