Agência France-Presse
postado em 30/05/2011 14:05
Trípoli - O regime líbio acusou nesta segunda-feira (30/5) a Otan de ter matado 11 civis durante bombardeios efetuados a 150 km de Trípoli, onde se encontra atualmente o presidente sul-africano Jacob Zuma com o objetivo de discutir com Muamar Kadhafi "uma estratégia de saída" com poucas chances de ser bem-sucedida."Bases civis e militares na região de Wadi Kaam, em Zliten, foram alvo nesta segunda-feira de ataques do agressor colonialista cruzado", indicou a agência oficial Jana, acrescentando que "11 mártires morreram e um certo número de pessoas ficaram feridas".
Se essas mortes forem constatadas, este será um dos maiores erros cometidos pela coalizão internacional desde o início da intervenção sob o mandato da ONU, no dia 19 de março. As restrições impostas à imprensa pelas autoridades líbias impedem, no entanto, qualquer verificação independente.
Citando fontes militares, a Jana indica que a cidade de Al-Jafra, 600 km ao sul de Trípoli, foi "novamente nesta segunda-feira alvo de ataques".
A Otan anunciou ter destruído vinte alvos militares durante ataques efetuados no domingo, atingindo principalmente sete veículos militares e um lança-mísseis nas imediações do enclave rebelde de Misrata (oeste).
"Em dois meses apenas, realizamos progressos significativos. Reduzimos seriamente a capacidade de Kadhafi de matar seu próprio povo", afirmou o secretário-geral da aliança atlântica, Anders Fogh Rasmussen.
"O reinado de terror de Kadhafi está próximo do fim. Ele está cada vez mais isolado em sua terra e no exterior. Chegou o momento de Kadhafi sair", acrescentou o dinamarquês.
"A condição necessária para um processo político positivo é uma pressão militar forte", mas "ao mesmo tempo, a comunidade internacional deve reforçar a pressão política sobre o regime e seu apoio à oposição", considerou.
Com o objetivo de estabelecer com o coronel Kadhafi uma estratégia que o permita deixar o poder depois de quase de 42 anos, o chefe de Estado sul-africano Jacob Zuma chegou nesta segunda-feira a Trípoli.
Ele chegou às 16h00 horas locais (11h00 de Brasília) à residência Bab al-Aziziya de Kadhafi, segundo um jornalista da AFP no local. Não se sabe no momento se o coronel estava na residência, mas membros de sua equipe de segurança estavam presentes.
Esta visita ocorre no momento em que o apoio externo ao regime líbio começa a ser retirado, principalmente por parte da Rússia, tradicional aliada de Trípoli, que se juntou aos ocidentais que exigem a saída de Kadhafi.
Para Trípoli, nenhuma mediação é possível além da realizada pela União Africana (UA), que já apresentou um "mapa do caminho" aceito pelo regime, mas rejeitado pelo Conselho Nacional de Transição (CNT, órgão político da rebelião).
Zuma está na Líbia para discutir a aplicação do mapa do caminho da UA, afirmou o regime. A mediação da UA, que pediu à Otan que interrompa seus bombardeios, prevê um cessar-fogo e a instauração de um período de transição que leve a eleições democráticas.
Por parte da rebelião, o presidente do CNT, Mustapha Abdeljalil, reafirmou neste final de semana que "nenhuma negociação é possível antes da saída (de Kadhafi) e de seu regime".
A rebelião, mal armada e mal equipada, está atualmente bloqueada no leste de Brega pelas forças pró-Kadhafi, cerca de 250 km a oeste de Benghazi.
No plano humanitário, um novo campo de refugiados com uma capacidade de 1.600 pessoas, financiada pelo Qatar, abriu suas portas na Tunísia, em Tataouine (sul) para os cerca de 60.000 líbios que fogem da violência na Líbia, indicou à AFP o administrador do campo do Qatar.
A Comissão Europeia desbloqueou nesta segunda-feira 10 milhões de euros para ajudar os chadianos que tentam fugir do conflito.