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Advogado de Mladic apresenta recurso contra transferência a Haia

Agência France-Presse
postado em 30/05/2011 14:08
Belgrado - A defesa do ex-comandante militar sérvio-bósnio Ratko Mladic apelou da decisão do tribunal sérvio para crimes de guerra de autorizar a transferência de seu cliente para o Tribunal Penal Internacional para a antiga Iugoslávia em Haia, informou o advogado Milos Saljic.

"Enviei a apelação há dez ou quinze minutos de um posto dos correios de Belgrado", declarou à AFP o advogado de Mladic, Milos Saljic.

"O tribunal vai examiná-la, sem dúvida amanhã (terça-feira), porque a apelação não chegará antes de amanhã", disse Mladic.

O recurso de apelação será examinado por um painel de três juízes que se pronunciará em um prazo máximo de três dias.

Se for rejeitada, o Ministério sérvio da Justiça assinará a ordem de transferência de Ratko Mladic para Haia.

Hoje, segunda-feira (30/5), era o último dia possível para um recurso da defesa de Ratko Mladic contra a decisão do Tribunal sérvio para Crimes de Guerra de transferi-lo para o Tribunal Penal Internacional para a ex-Iugoslávia (TPIY).

Ratko Mladic deverá responder, em particular, pelo genocídio de cerca de 8.000 homens e adolescentes na cidade de Srebrenica em 1995, o maior cometido na Europa desde a Segunda Guerra Mundial.

Mladic também é acusado de crimes contra a Humanidade por seu suposto papel na guerra da Bósnia (1992-1995). Ele pode ser condenado à prisão perpétua.

A defesa de Ratko Mladic, detido a cerca de cem quilômetros de Belgrado depois de ter permanecido foragido durante quase 16 anos, também aposta nas condições de saúde física e mental de seu cliente.

Foi apresentado um pedido para a criação de uma equipe médica independente com um cardiologista, um neurologista e um neuropsiquiatra com a tarefa de examinar o estado de saúde de Mladic que, segundo seu advogado, é "alarmante".

Já Bruno Vekaric, porta-voz do promotor sérvio para crimes de guerra, denunciou à AFP a estratégia da defesa de tentar adiar o procedimento.

"Os problemas que tem (Mladic) são comuns em pessoas com sua idade que não se cuidam e ele não se cuidou quando se escondia", considerou.

Enquanto isso, ultranacionalistas sérvios realizaram um protesto contra a "traição" que, para eles, representa a prisão de Ratko Mladic pelas autoridades sérvias.

Para os ultranacionalistas, o Mladic era a última figura de destaque do nacionalismo sérvio dos anos 90 e de suas guerras que estava em liberdade.

Ao término da manifestação, que reuniu entre 10.000 e 15.000 pessoas em Belgrado, foram registrados confrontos entre a polícia e alguns manifestantes.

O ato foi organizado pelo Partido Radical Sérvio (SRS, ultranacionalista), transformado em partido político depois da divisão sofrida em 2008 e a criação do Partido Sérvio do Progresso (SNS), de Tomislav Nikolic.

Milhares de ex-companheiros de Ratko Mladic, em maioria sérvios-bósnios, também se reuniram no domingo em Kalinovic (sudeste da Bósnia) no povoado natal do ex-chefe militar para denunciar a "grande tragédia" que para eles representa sua prisão.

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