Agência France-Presse
postado em 30/05/2011 16:25
San José - O presidente da Nicarágua, Daniel Ortega, apropriou-se de milhões de dólares em terrenos e empresas, depois da derrota eleitoral da Frente Sandinista de Liberação Nacional (FSLN) em 1990 e antes de entregar o poder a Violeta Barrios (1990-1997), segundo dados secretos da diplomacia americana.Os bens confiscados foram destinados ao entorno familiar imediato do atual presidente nicaraguense, entre eles seu irmão Humberto, ex-chefe do exército da Nicarágua, e altos dirigentes sandinistas.
"Outras companhias envolvidas em transporte, madeira, fábricas de açúcar e matadouros foram nominalmente destinados ao FSLN, mas, efetivamente, terminaram nas mãos de Ortega, sua família, e seus colaboradores mais próximos", escreveu em 2006 o embaixador americano em Manágua, Paul Trivelli, segundo um cabo do Wikileaks divulgado nesta segunda-feira no jornal costarriquenho La Nación.
Segundo a nota de Trivelli a Washington, vazada pelo Wikileaks, Ortega "supervisionou" o confisco de propriedades públicas e privadas, no que na Nicarágua se denominou "la piñata" sandinista e que derivou em milhares de julgamentos contra o Estado por parte dos proprietários, muitos americanos.
Entre os bens que foram confiscados citados no cabo está a milionária residência do político Jaime Morales Carazo, em Manágua, que na época era adversário de Ortega e atualmente é seu vice-presidente.
"Ortega ainda vive na casa de Morales e ocupa a quadra inteira. Os depoimentos daquelas pessoas cujas propriedades foram confiscadas estão amplamente disponíveis e centenas foram registrados pela embaixada", informa um comunicado diplomático.
O FSLN, com Ortega como candidato, perdeu as eleições gerais em 1990 diante de uma coalizão que postulou Violeta Barrios de Chamorro, que governou até janeiro de 1997, quando entregou a presidência a Arnoldo Alemán.
Ortega voltou ao poder depois de vencer as eleições em 2006 e pretende reeleger-se em novembro.