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Para Karzai, Otan será força de ocupação no caso de morte de mais civis

Agência France-Presse
postado em 31/05/2011 14:10
Cabul - A coalizão internacional da Otan pode se tornar uma "força de ocupação" se continuar matando civis durante suas operações no Afeganistão, advertiu o presidente Hamid Karzai.

"Se continuarem bombardeando as casas afegãs, apesar de o governo ter proibido, então sua presença não será mais considerada como a de uma força que trava uma guerra contra o terrorismo, e sim como a de uma força de ocupação", declarou o chefe Estado.

Os afegãos combateram vários invasores em sua história. No século XIX, o Exército britânico não conseguiu se impor complemente no país e em 1989, o Exército soviético - que entrou no país 10 anos antes para apoiar o regime comunista de Cabul - teve que deixar o país após uma violenta guerra contra uma resistência que jamais conseguiu derrotar. "O bombardeio de casas afegãs está proibido. Isto deve acabar, ou um dia teremos que adotar uma decisão unilateral para acabar com os ataques", ameaçou.

No domingo passado, Karzai fez uma "última advertência" às forças da Otan, sobretudo aos americanos, que constituem mais de dois terços da presença militar no país.

O presidente afegão pediu o fim das operações "unilaterais", depois da morte, segundo Cabul, de 14 civis, incluindo 10 crianças, em um ataque de helicópteros contra duas casas no sul do país.

A Otan respondeu que os ataques aéreos da Otan contra casas no Afeganistão são "necessários" e prosseguirão, em coordenação com as forças afegãs. "Estes bombardeios são necessários, continuam sendo necessários", disse a porta-voz da Otan, Oana Lungescu, na sede da Aliança em Bruxelas.

A porta-voz lamentou as mortes de civis e destacou que a Otan e as autoridades afegãs abriram uma investigação após a morte dos 14 civis no sábado na província meridional de Helmand.

As mortes de civis são um assunto delicado no Afeganistão, onde 10 anos de presença militar estrangeira alimentam o ressentimento antiocidental. No entanto, apesar das duras declarações, a margem de manobra de Karzai parece limitada.

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