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Sérvia extradita Mladic a Haia para que seja julgado por genocídio

Agência France-Presse
postado em 31/05/2011 15:40
BELGRADO - A Sérvia extraditou nesta terça-feira (31/5) o ex-chefe militar dos sérvios-bósnios Ratko Mladic a Haia para que seja julgado por genocídio e crimes de guerra no Tribunal Penal Internacional para a ex-Iugoslávia (TPIY), depois de ter permanecido foragido por 16 anos. "Ratko Mladic foi extraditado para Haia (...) Está no avião a caminho de Haia", declarou a ministra sérvia da Justiça, Snezana Malovic, à imprensa em Belgrado.

Horas antes, a justiça sérvia havia rejeitado o recurso de apelação do ex-chefe militar dos sérvios da Bósnia contra a sua transferência para o TPIY. "Mladic é acusado dos crimes mais graves contra a Humanidade e das mais graves violações do Direito Humanitário. Ao decidir esta transferência, a Sérvia cumpriu sua obrigação internacional e moral", acrescentou a ministra. "Trata-se de uma mensagem de reconciliação na região", insistiu a ministra.

Termina assim a longa fuga do ex-chefe militar que durante anos escapou da justiça internacional, antes de ser detido quinta-feira na Sérvia em uma aldeia situada a cerca de cem quilômetros de Belgrado.

O procedimento judicial de sua transferência para Haia foi bruscamente acelerado nesta terça-feira, quando a Alta Corte de Belgrado rejeitou sua apelação.

Sinal de que sua partida era iminente, Ratko Mladic foi levado nesta terça-feira de madrugada para visitar o túmulo de sua filha no cemitério de Topcider, em Belgrado, atendendo a um pedido que ele mesmo havia feito ao ser detido.

Ana Mladic, estudante de Medicina, se suicidou em 1994 aos 23 anos. Segundo a imprensa, a jovem não suportava mais ver seu pai acusado das atrocidades cometidas durante a guerra da Bósnia (1992-1995). Depois da visita, havia rosas e um círio sobre o túmulo, constatou um jornalista da AFP. Na segunda-feira, Mladic também teria conseguido ver seus netos pela primeira vez desde sua detenção.

Sua defesa sustentava que seu estado de saúde "alarmante" não permitia que fosse enviado para Haia para ser julgado, mas os juízes da Alta Corte rejeitaram este argumento. A chegada de sua esposa Bosiljka com uma grande mala azul e a saída em alta velocidade de um comboio de veículos do tribunal sérvio para os crimes de guerra, por volta das 14h40 GMT (11h40 de Brasília), dissiparam as últimas dúvidas sobre a partida do general.

Mladic é acusado pelo TPIY de genocídio, crimes de guerra e crimes contra a Humanidade por seu suposto papel durante a guerra da Bósnia (1992-1995). Ele é acusado principalmente pelo massacre de cerca de 8.000 pessoas em Srebrenica (Bósnia) em 1995, o maior já cometido na Europa depois do final da Segunda Guerra Mundial. Também deve responder em particular pelo cerco a Sarajevo que provocou a morte de cerca de 10.000 pessoas.

Mladic pode ser condenado à prisão perpétua, já que as acusações contra ele são as mais graves no Direito Internacional. A detenção de Ratko Mladic provocou reações dos ultranacionalistas sérvios, na Sérvia e na Bósnia, com uma manifestação de 10.000 a 15.000 pessoas no domingo à noite em Belgrado.

Os sérvios da Bósnia denunciaram a Sérvia, nesta terça-feira em Banja Luka, capital da República Srpska, atacando em particular o presidente sérvio Boris Tadic por ter ordenado a prisão de seu ex-chefe militar e chamando a Sérvia de "madrasta".

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