Agência France-Presse
postado em 01/06/2011 17:58
WASHINGTON - A Organização dos Estados Americanos (OEA) votou e aprovou nesta quarta-feira (1;/6) a readmissão de Honduras ao grupo, após quase dois anos de suspensão, decorrente do golpe de Estado ocorrido no país em junho de 2009.A resolução, que decide "anular, com efeito imediato, a suspensão do direito de participação do Estado de Honduras na OEA" recebeu uma votação a favor de 32 dos 33 membros ativos da organização durante Assembleia Geral Extraordinária. A única exceção foi o Equador, que se pronunciou contra.
Com a decisão desta quarta-feira, a OEA busca encerrar um nefasto capítulo da sua história recente, o golpe de 28 de junho em Honduras, que derrubou o presidente Manuel Zelaya e que foi condenado por unanimidade pelo mundo como um retorno ao passado ditatorial da América Latina.
Honduras volta ao organismo continental quatro dias depois de Zelaya retornar do exílio na República Dominicana, que era a principal reivindicação dos países membros e da OEA. Zelaya regressou como parte de um acordo de reconciliação firmado com o atual presidente, Porfirio Lobo, feito no dia 22 de maio, sob a mediação de Venezuela e Colômbia.
Contudo, para o Equador, "não estão dadas ainda as condições propícias e suficientes para o retorno de Honduras ao organismo, devido aos casos de violação dos direitos humanos e à falta de sanções contra os autores do golpe", conforme explicou a representante do país, María Isabel Salvador.
Após a votação, recebida com calorosos aplausos, a chanceler colombiana, María Ángela Holguin - que presidiu a Assembleia - convidou aos representantes do governo hondurenho, encabeçados pela ministra María Antonieta Guillén, a ocuparem a cadeira que havia estado vazia desde a suspensão no dia 4 de julho de 2009.
A sessão da OEA começou três horas mais tarde do que o previsto devido às intensas negociações de última hora para conseguir o voto favorável do Equador, uma vez que a organização prefere tomar suas decisões por consenso.
A Venezuela votou a favor, mas "com reservas" porque não foram incluídas na resolução maiores garantias sobre a "necessidade de justiça para aqueles que perpetuaram o golpe de Estado e violaram os direitos humanos", disse o chanceler do país Nicolás Maduro.
Maduro disse ainda que havia recebido uma mensagem de Zelaya para que transmitisse publicamente sua "satisfação" com a decisão desta quarta-feira. Será o povo hondurenho o maior beneficiado pelos mecanismos regionais para impulsionar seu desenvolvimento", disse a chanceler mexicana, Patricia Espinoza, sobre o reingresso de Honduras.
Contudo, os acontecimentos de junho de 2009 "devem nos conduzir a refletir sobre a eficácia das ferramentas de que dispomos na OEA para prevenir situações similares no futuro", disse Espinoza. "Honduras segue enfrentando desafios significativos como a constituição de instituições mais fortes e a garantia dos direitos humanos, mas sua volta à OEA traz um chão mais sólido", disse o encarregado da diplomacia americana para América Latina, Arturo Valenzuela.
A secretária de Estado americana, Hillary Clinton, tinha previsto participar da assembleia, mas não pôde comparecer por problemas de agenda, disse Valenzuela.
Foi o povo hondurenho que pagou "altos custos" pelo isolamento do país, o que impedia seu acesso aos programas de cooperação, disse o chanceler guatemalteco, Haroldo Rodas.
O reingresso de Honduras permitiu aos chanceleres abrir caminho para ao tema central da próxima assembleia no fim de semana seguinte, em São Salvador: a luta contra o crime organizado.