postado em 02/06/2011 08:12
Centenas de novos casos de infecção por uma variante especialmente agressiva da bactéria Escherichia coli levaram o comissário europeu de Saúde, John Dally, a declarar que a União Europeia (UE) enfrenta ;uma grave crise; e convocar os especialistas a identificarem o quanto antes a origem da contaminação. Em Hamburgo, na Alemanha, principal foco da epidemia de diarreia que se alastra pela Europa, a principal autoridade sanitária, Cornelia Prüfer-Storcks, informou que o total de casos chegou ontem a 668 ; 119 a mais do que na véspera.
A síndrome hemolíticourêmica (SHU), provocada pela E. coli do tipo Ehec, já causou pelo menos 17 mortes (16 na Alemanha e uma na Suécia). Diferentemente da diarreia comum, a SHU se manifesta com hemorragias no sistema digestivo e, nos casos mais agudos, deficiência renal. Também aumentou a incidência da doença na Holanda e houve casos detectados nos Estados Unidos ; mas sempre em pessoas que haviam passado pelo território alemão.
Enquanto os cientistas se desdobram no esforço de identificar a fonte da contaminação, a Comissão Europeia (CE, órgão executivo da UE) administra uma ;crise de consumo; causada pela ;diminuição radical no consumo de frutas e legumes em geral, não apenas dos pepinos;. Inicialmente, um laboratório de Hamburgo havia apontado pepinos importados da Espanha como origem da epidemia, mas a hipótese foi desmentida na última terça-feira. A CE levantou ontem o alerta que havia emitido sobre o consumo de pepinos espanhóis, mas o Instituto Robert Koch, responsável pela vigilância sanitária na Alemanha, reiterou a orientação para que seja evitado o consumo de saladas, pepinos e tomates crus.
Institutos da Alemanha e da França colocaram à disposição das autoridades um novo teste capaz de detectar a presença da E. coli do tipo Ehec em alimentos. ;Esperamos que isso contribua para a descoberta da fonte da contaminação e para que sejam prontamente retirados do mercado os alimentos que ofereçam risco;, declarou Andreas Hensel, diretor do Instituto Federal para Avaliação de Riscos, da Alemanha. Também a Universidade de Münster desenvolveu um teste que poderia identificar a Ehec no prazo de quatro a 24 horas.
Compensação
Diante do desmentido oficial de que os pepinos espanhóis sejam o vetor de transmissão da bactéria, autoridades do país estudam a possibilidade de entrar com um pedido de compensações às autoridades sanitárias de Hamburgo, que emitiram o alerta. ;Não descartamos a possibilidade de alguma ação;, afirmou à emissora de rádio Cadena Ser o vice-presidente do governo espanhol e ministro do Interior, Alfredo Pérez Rubalcaba. ;A bactéria não está na Espanha, e uma vez que a verdade foi restabelecida, resta ressarcir os danos, que não são poucos. Perdemos nossa boa imagem e muito dinheiro;, disparou Rubalcaba, cotado para liderar os socialistas na eleição legislativa de 2012. Segundo estimativas, as perdas do setor agrícola espanhol podem chegar a 200 milhões de euros por semana.
Espanha, Holanda e a própria Alemanha já pediram às autoridades europeias do setor ajuda para compensar a forte queda nas vendas de vegetais desde que a epidemia se caracterizou, no início de maio.