Renata Tranches
postado em 02/06/2011 08:20
Quase dois anos após sua suspensão, Honduras foi reintegrada ontem à Organização dos Estados Americanos (OEA). A resolução para a readmissão do país foi aprovada por 32 países-membros, em assembleia extraordinária do conselho permanente do organismo, em Washington. O único voto contrário foi do Equador. O texto, porém, não inclui um parágrafo, solicitado pela Venezuela, sobre a necessidade de julgar os responsáveis pelo golpe de junho de 2009. As discussões sobre esse ponto atrasaram o início da reunião em duas horas. O golpe tirou do poder o então presidente, Manuel Zelaya, cujo retorno ao país era uma das principais condições para a reintegração do país à OEA.A volta de Zelaya era também um requisito fixado pelo Brasil para a retomada das relações bilaterais. Fontes do Itamaraty informaram que um novo embaixador foi escolhido para representar o país em Tegucigalpa. De acordo com essas fontes, a indicação já foi aprovada pelo governo de Honduras. Na terça-feira, o ministro das Relações Exteriores, Antonio Patriota, disse que o governo brasileiro estava pronto para retomar as relações.
A delegação enviada a Washington pelo atual presidente hondurenho, Porfírio Pepe Lobo, foi convidada a ocupar seu lugar na sala de reunião pela presidente da assembleia, a chanceler colombiana, María Angela Holguín. Quando entraram no Salão das Américas, a ministra da Presidência de Honduras, María Antonieta de Bográn, o chanceler, Mario Canahuati, e o ministro de Planejamento e Cooperação Externa, Arturo Currais, foram aplaudidos.
Os países-membros consideraram, em sua maioria, que Honduras cumpriu as condições para voltar a participar plenamente da OEA. Entre essas condições estava a retirada de acusações judiciais contra Zelaya. O Equador, porém, não julgou as medidas suficientes.
Em 28 de junho de 2009, Zelaya foi retirado da residência oficial por um grupo de militares, com aval da Suprema Corte e do Parlamento. O ato foi considerado um golpe de Estado pela OEA, pelo Brasil e por outros países da região. O ex-presidente chegou a sair do país, mas voltou e pediu abrigo à Embaixada do Brasil em Tegucigalpa, onde permaneceu por quase quatro meses. Após a eleição de Pepe Lobo, Zelaya foi enviado ao exílio na República Dominicana, onde permaneceu até sábado.
Normalidade
Depois de passar um período de distúrbios, o país tenta voltar à normalidade. Para Melina Soriano, diretora do Departamento de Ciências Sociais da Universidade Católica de Tegucigalpa, Honduras deu um passo importante com a reintegração à OEA. ;Estamos melhorando cada vez mais nossas relações políticas e internacionais, porque precisamos do apoio de outros países, sobretudo das grandes potências;, declarou, em entrevista ao Correio.
Melina aponta que, agora, a população precisa retomar a confiança no presidente. O governo, por sua vez, tem de combater a violência, que atinge os 18 departamentos (Estados) do país. As taxas de homicídio, em algumas localidades, chegam 131 por 100 mil habitantes e superam a média mundial da Organização Mundial da Saúde (OMS), que é de 8 para cada 100 mil habitantes. A taxa na América Latina fica em 18 homicídios para 100 mil habitantes.