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Chile: Justiça aceita investigar morte de Pablo Neruda

Agência France-Presse
postado em 02/06/2011 16:03
SANTIAGO - A Justiça chilena aceitou investigar o falecimento do poeta ganhador do prêmio Nobel Pablo Neruda, morto de câncer 12 dias depois do golpe de Estado de Augusto Pinochet, em 1973, mas que pode ter sido assassinado, segundo denúncia apresentada pelo Partido Comunista, informou o poder judicial nesta quinta-feira (2/6).

O juiz Mario Carroza acolheu a acusação feita, na terça-feira, pelo PC chileno, partido no qual o poeta militava, após a denúncia apresentada pelo ex-motorista do escritor, Manuel Araya, para qual Neruda foi assassinado, disse à AFP uma fonte judicial.

Araya, hoje com 65 anos, garante ter estado com Neruda até horas antes de sua morte, que atribui à aplicação, no estômago, de uma substância estranha que agravou de forma fulminante do câncer de próstata do qual sofria o poeta, ganhador do Nobel de Literatura em 1971. O juiz Carroza já tinha ordenado interrogar Araya e apreender o atestado de óbito de Neruda, segundo meios de comunicação chilenos.

A versão de Araya foi refutada pela fundação que administra a obra do poeta, mas ganhou força depois das declarações do ex-embaixador do México no Chile, Gonzalo Martínez, que esteve com Neruda poucos dias antes de morrer, uma vez que geria seu asilo na capital mexicana. "Não vi grande diferença nele entre os primeiros dias que o conheci e os últimos que o visitei no hospital. Eu já o conheci como um homem doente, mas não chegou a ficar pele e osso, nem catatônico", relatou Martínez à AFP.

O boletim médico sustenta que Neruda estava catatônico antes de morrer, segundo o advogado responsável pela acusação, Eduardo Contreras.

O juiz Carroza investiga, ainda, se a morte do ex-presidente Salvador Allende - deposto por Pinochet - foi um suicídio, como sustenta a versão oficial por sua família, ou se tratou de um assassinato. O cadáver de Allende foi exumado em 23 de maio passado.

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