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Iêmen: combates em Sanaa e chamado a manifestações para esta sexta-feira

Agência France-Presse
postado em 02/06/2011 19:52
SANÁ - Milhares de combatentes tribais tentaram chegar nesta quinta-feira a Sanaa para participar dos combates entre os partidários do principal líder tribal e as forças do presidente Ali Abdullah Saleh, num enfrentamento que já causou 63 mortes em dois dias.

Ao mesmo tempo, ambos os lados conclamaram a população a manifestar-se nesta sexta-feira, particularmente em Sanaa e Taez, a maior cidade do sudeste do país, onde um protesto foi reprimido na segunda-feira com violência, deixando 50 mortos.

Segundo líderes tribais, milhares de combatentes que chegaram para lutar ao lado do chefe da tribo dos Hashed, o xeque Sadek al-Ahmar, acabaram adiando a entrada na capital. Durante seu caminho até Sanaa, enfrentaram as forças governamentais no ponto de controle militar de Al Azraqein, a 15 km ao norte da capital, disseram os líderes tribais.

A força aérea do Iêmen sobrevoou à baixa altitude esta concentração de combatentes para intimidá-los e fez o mesmo sobre a população leal ao xeque al-Ahmar, disseram testemunhas.

Pela terceira noite consecutiva foram registrados violentos combates entre as forças governamentais e os seguidores de al-Ahmar no bairro de Al Hasaba, no norte da capital.

Saleh enviou a esta zona "forças especiais" bem treinadas e formadas na luta antiterrorista, disseram fontes locais. "Temos visto ambulâncias com feridos e uma coluna de fumaça erguer-se sobre a sede do Congresso Popular Geral", declarou um morador que não se atreveu a sair de casa.

Segundo os hospitais locais, 16 pessoas - entre elas uma menina de 7 anos - foram mortas antes do amanhecer, o que elevou de 47 para 63 o número de falecidos nestes combates em Sanaa nos últimos dias. A maioria das vítimas são combatentes dos dois lados.

"As ruas de Al Hasaba estão cheias de cadáveres, mas as ambulâncias não podem chegar lá devido aos disparos", explicou um médico que preferiu não se identificar.

Contudo, foram ouvidos poucos disparos durante a jornada na capital, onde o êxodo de habitantes se acentua na cidade que tem sido privada de água corrente, onde tem havido cortes de eletricidade regulares e onde a gasolina está cada vez mais escassa. "Caso os combates continuem, será o fim do Iêmen", disse um homem de 70 anos que reuniu trinta de seus familiares para deixar a capital.

Após quatro meses de protestos populares reprimidos com violência pelo regime de Saleh, a revolta adquiriu outra magnitude em 23 de maio com o início de combates em Sanaa entre as forças do presidente e as tropas do poderoso líder tribal, o xeque Sadek al-Ahmar, que se uniu à oposição.

Saleh, no poder há 33 anos, nega-se a sair, mesmo com a intensificação das pressões internacionais. Recentemente, o ditador recusou um acordo para a saída da crise a ser realizado com as principais monarquias do Golfo e por isso o principal conselheiro do presidente americano, Barack Obama, John Brennan, realiza atualmente uma visita à Arábia Saudita e Emirados Árabes Unidos para discutir a situação.

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