Agência France-Presse
postado em 02/06/2011 20:45
BUENOS AIRES - A Justiça argentina decretou nesta quinta-feira a prisão preventiva de três ex-pilotos da guarda costeira, de um militar reformado e de um advogado que participaram dos "voos da morte", nos quais eram jogados ao mar presos políticos durante a ditadura (1976-1983), informou uma fonte oficial.O juiz Sérgio Torres formalizou a prisão dos envolvidos por suposta participação em 20 voos, entre eles um no qual foram lançadas ao mar a freira francesa Léonie Duquet e quatro mulheres da organização humanitária Mães da Praça de Maio. O grupo já estava detido desde 10 de maio passado.
A decisão envolve os comandantes da Aerolíneas Argentinas e militares reformados Enrique José De Saint Georges e Mario Daniel Arru, o militar da reserva e piloto Alejandro Domingo D;Agostino, o ex-suboficial da Marinha Ricardo Rubén Ormello, e o advogado Gonzalo Dalmacio Torres de Tolosa.
Os cadáveres das cinco mulheres, entre elas a fundadora das Mães da Praça de Maio, Azucena Villaflor, foram descobertos em 2005 enterrados como indigentes em um cemitério de uma localidade da costa de Buenos Aires, onde tinham sido presas no fim de 1977.
Centenas dos 5 mil presos e desaparecidos do campo de extermínio da Escola de Mecânica da Armada (Esma) foram jogados vivos ao mar, nos chamados "voos da morte", segundo denúncias de organizações de defesa dos direitos humanos.
A primeira confissão pública dessa prática foi feita pelo ex-suboficial da Marinha Adolfo Scilingo, que foi julgado na Espanha e condenado em 2005 à prisão perpétua.
Em torno de 30 mil pessoas desapareceram durante a ditadura na Argentina, segundo órgãos humanitários.