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Iêmen: Saleh é ferido em ataque a palácio, mas diz estar bem

Agência France-Presse
postado em 03/06/2011 19:19
SANAA - O presidente iemenita Ali Abdullah Saleh ficou ferido nesta sexta-feira quando dissidentes atacaram a mesquita de seu palácio presidencial, num momento em que o Iêmen ruma para uma guerra civil e Washington pede uma transição pacífica de poder.

Um líder do partido governista Congresso Popular Geral (CPG) disse à AFP que Saleh ficou "levemente ferido na parte de trás da cabeça". Em um comunicado de áudio divulgado nesta sexta-feira pela emissora estatal, Saleh, que estava recebendo tratamento no hospital do Ministério da Defesa em Sanaa, disse: "estou bem, estou em boa saúde", acrescentando que o bombardeio matou sete pessoas. Mais cedo, três oficiais da Guarda Republicana foram dados como mortos.

O primeiro-ministro Ali Mohammed Mujawar também sofreu ferimentos no rosto, enquanto uma fonte próxima à presidência disse que o vice-premiê, o general Rashad al-Alimi, foi "gravemente ferido".

Oficiais também disseram que os feridos incluíam o líder do Parlamento, Yahya al-Raie, o secretário privado de Saleh, Abdo Burji, além de Abdulaziz Abdulghani, chefe do conselho consultivo do Iêmen, e do líder do partido governista, Yasser al-Awadi, e o governador de Sanaa, Noman Duweik, assim como o imã da mesquita.

As autoridades iemenitas acusaram o chefe da confederação tribal dos Hached, xeque Sadek al-Ahmar, de ter bombardeado o palácio. As forças de al-Ahmar travam uma dura batalha contra as forças fiéis ao presidente. "A tribo Ahmar ultrapassou todos os limites", disse um porta-voz do GPC, Tariq al-Shami.

Em sua mensagem, Saleh acusou os "filhos de Al Ahmar", em referência ao xeque Sadek e seus seguidores, e chamou "as forças armadas a limpar as instituições do Estado". Washington condenou a violência. "Os Estados Unidos condenam nos termos mais fortes os atos de violência insensatos que ocorreram hoje no Iêmen, incluindo o ataque ao Palácio Presidencial em Sanaa", indicou a Casa Branca em um comunicado.

"Pedimos a todas as partes o fim imediato das hostilidades e a implantação de um processo ordenado e pacífico de transferência de poder político como estipula o acordo" do Conselho de Cooperação do Golfo (CCG), acrescentou a presidência americana. Saleh, que está no poder em Sanaa desde 1978, enfrenta um movimento de contestação sem precedentes nos últimos quatro meses.

No mês passado, quando Saleh recusou-se a assinar um plano do CCG para sua renúncia em troca de imunidade, a oposição atacou prédios públicos em Sanaa, impulsionando confrontos com as tropas leais ao presidente.

A Inglaterra intensificou os pedidos para que seus cidadãos deixem o Iêmen "imediatamente, enquanto voos comerciais ainda estão operando", afirmou o ministro das Relações Exteriores britânico, William Hague, em comunicado.

A União Europeia ativou um mecanismo para retirar seus cidadãos e pediu um "cessar-fogo imediato" no Iêmen, afirmou a chefe da diplomacia europeia, Catherine Ashton.

O ataque à mesquita nesta sexta-feira ocorre enquanto os confrontos espalham-se do norte de Saaa para o sul da capital.

Suhail TV, uma emissora controlada pelo xeque Hamid al-Ahmar, irmão do xeque Sadiq, disse anteriormente que Saleh tinha sido morto. Mais tarde nesta sexta-feira, tropas iemenitas, que mobilizaram armamentos pesados em sua batalha contra as tribos oposicionistas desde terça-feira, atacaram a casa do xeque Hamid. Bombardeios nos arredores de Hada também tinham como alvo as residências de seus dois irmãos Hemyar e Mizhij, e do dissidente general Ali Mohsen al-Ahmar.

O xeque Hamid falou à AFP por telefone e acusou Saleh de orquestrar o ataque contra a mesquita como uma "desculpa para bombardear e destruir minha casa e as casas de meus irmãos Hemyar e Mizhij e a de Ali Mohsen al-Ahmar em uma tentativa de levar o Iêmen à guerra civil". Mais de 60 pessoas morreram nos confrontos em Sanaa desde o início dos confrontos entre tribos Ahmar e tropas leais a Saleh, na terça-feira.

No país todo, mais de 200 manifestantes foram mortos desde que os protestos começaram, de acordo com balanço feito pela AFP com base em informações de médicos.

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