Agência France-Presse
postado em 04/06/2011 18:01
Zagreb- O Papa Bento XVI, que iniciou neste sábado (4/6) uma visita a Zagreb, pediu aos croatas que entrem com alegria na União Europeia (UE) e ajudem os europeus a valorizar sua "riqueza espiritual", menosprezada pelo "individualismo e os espaços privados"."Acredito que a maioria dos croatas pensa com grande alegria na adesão à UE", disse o Papa aos jornalistas no avião e que o levou a Zagreb.
A entrada da Croácia na UE é "lógica, justa e necessária", declarou.
A Croácia espera concluir até o fim do mês as negociações de adesão à UE para entrar no bloco europeu em meados de 2013.
"Desde suas origens, vossa nação pertence à Europa", disse, no aeroporto de Zagreb diante do presidente croata Ivo Josipovic, antes de elogiar os "13 séculos de fortes e especiais vínculos" com a Santa Sé.
"Tomara que esta querida nação ajude a União Europeia a valorizar plenamente sua riqueza cultural e espiritual", acrescentou.
Durante os dois dias que passará exclusivamente em Zagreb, o Papa se encontrará em um país com população de 4,4 milhões de habitantes, 90% católica, onde os sentimentos nacionalistas e católicos se conjugam.
Parte da opinião pública e da Igreja croata, muito nacionalista, ainda critica a Europa por sua prudência durante a luta pela independência do país, no conflicto armado entre croatas e sérvio de 1991 a 1995.
"Vinte anos depois de ter proclamado a independência e pouco antes da plena integração da Croácia à UE, a história passada e recente de vosso país pode constituir um motivo de reflexão para todos os demais povos do continente e ajudá-los a conservar e reavivar o inestimável patrimônio comum de valores humanos e cristãos", disse o Pontífice no aeroporto.
Segundo o Papa, a cultura contemporânea se caracteriza por "um individualismo que favorece a visão de uma vida sem obrigações e a busca permanente de espaços privados".
A Europa estará "condenada à regressão" e a "crise do Ocidente não terá remédio" se a ética não for colocada no centro da educação e da política, advertiu o Papa no Teatro Nacional.
Bento XVI defendeu a construção de uma "polis (cidade) que não esteja vazia nem falsamente neutra, mas sim rica em conteúdos humanos e de forte consistência ética".
O Papa elogiou o cardeal Alojzije Stepinac, beatificado por João Paulo II em 1998, apesar de seu papel, que para alguns historiadores foi o de cúmplice do regime croata pró-nazista dos Ustasha.
Mas para Bento XVI, Stepinac "defendeu os judeus, os sérvios e os ciganos perseguidos pelo regime".
O presidente croata saudou "a autoridade moral e política da Santa Sé", que ajudou a frear a agressão contra a Croácia, em referência ao reconhecimento do novo Estado croata em janeiro de 1992 pelo Vaticano. Dois dias depois, os países da UE também reconheceram a independência.
Josipovic lembrou os "valores europeus" de seu país, que "promove a tolerância", o "perdão" e a "reconciliação" com seus vizinhos e antigos adversários na guerra.