Agência France-Presse
postado em 05/06/2011 18:27
Damasco - Ao menos 18 pessoas morreram e 225 ficaram feridas neste domingo (5/6) por disparos das forças israelenses contra manifestantes sírios e palestinos que tentavam cruzar a linha de cessar-fogo nas Colinas de Golã, área ocupada por Israel, informou a televisão síria.
Segundo a emissora, centenas de manifestantes que agitavam bandeiras palestinas e sírias tentaram cortar uma cerca de arame farpado próxima a um campo minado, perto da cidade de Majdal Shams, em Golã.
Os manifestantes lembravam o aniversário da Guerra dos Seis Dias, em 1967, que marcou a derrota dos árabes para o Exército hebreu e a ocupação israelense das Colinas de Golã sírias.
Contudo, nenhum manifestante conseguiu cruzar a linha de fogo e o porta-voz do Exército israelense, Yoav Mordechai, anunciou que a situação estava "sob controle".
No início da noite, os soldados lançaram gás lacrimogêneo para dispersar os manifestantes, apurou a AFP.
Ali Kanaan, médico da cidade de Kuneitra, disse à AFP que os mortos receberam disparos "na cabeça e no peito".
Segundo um porta-voz do Exército israelense, os soldados "não tiveram outra opção se não abrir fogo em direção aos manifestantes com a intenção de dispersá-los". A mesma fonte disse que várias dezenas deles ignoraram os avisos verbais e os tiros para o alto dos soldados israelenses.
Um fotógrafo da AFP em Majdal Shams viu ao menos 20 manifestantes feridos, que foram retirados do lado sírio.
O Exército israelense informou sobre a explosão de minas sírias, que teriam provocado ao menos um ferido do lado sírio.
Assim como aconteceu no dia 15 de maio, o Exército israelense acusou Damasco de provocação para desviar a atenção da sangrenta repressão ao movimento de contestação popular que agita o país desde o dia 15 de março, com um balanço de ao menos 1.100 mortos em manifestações contra o regime do presidente Bashar al-Assad.
O primeiro ministro israelense, Benjamin Netanyahu, acusou "elementos extremistas" que "tentam forçar as fronteiras, ameaçando as nossas comunidades e nossos cidadãos", disse.
As manifestações não se limitaram às Colinas de Golã. Também houve protestos na Cisjordânia, com centenas de manifestantes na entrada de Jerusalém, onde os guardas froteiriços israelenses dispararam balas de borracha para repelir o lançamento de pedras, com um saldo de 30 feridos leves, segundo fontes locais.
Uma centena de pessoas se manifestaram também em Nablus (norte) e em Hebrón (sul).
Em Gaza, a polícia do movimento radical Hamas (no poder neste território) impediu que centenas de pessoas se aproximassem da fronteira.
Após a Guerra dos Seis Dias, Israel conquistou a península do Sinai, devolvida ao Egito em 1982, as Colinas de Golã, a Cisjordânia (incluindo Jerusalém Oriental) e a Faixa de Gaza.