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Bolsa de Lima fecha por antecipação (-12,51%) depois da vitória de Humala

Agência France-Presse
postado em 06/06/2011 17:31
LIMA - A Bolsa de Valores de Lima fechou antecipadamente suas operações nesta segunda-feira (6/6), duas horas antes do pregão normal, depois de registrar uma queda de 12,51%, a maior de sua história, numa reação à eleição virtual do esquerdista Ollanta Humala como presidente do Peru, no domingo.

A drástica contração da Bolsa limenha (BVL), que oficializou semana passada sua união com as Bolsas de Santiago e Bogotá, somou-se à queda, de entre dois e três pontos, do preço dos bônus da dívida peruana nos mercados internacionais.

Na abertura, uma queda brusca, que derrubou a Bolsa limenha a 8,71%, obrigou a suspender as operações, retomadas duas horas depois. Em seguida, uma outra queda de 12,51% exigiu uma nova suspensão do pregão, impulsionada pelo comportamento das ações das mineradoras - um dos motores da economia peruana e responsáveis pelo crescimento de mais de 50% do total das exportações. Três fatores marcaram a queda: os investidores que se assustaram, os aplicadores que agiram com prudência e reduziram posições, e os especuladores, segundo analistas.

Os títulos da Sociedad Minera Volcán, uma das maiores produtoras de prata, caíram 15% e os papéis do gigante aurífero Buenaventura perdíiam 11,6%.

O Peru é o maior produtor mundial de prata, o segundo em cobre - atrás do Chile - além de grande produtor de ouro, zinco, chumbo, bismuto e estanho. Humala, um nacionalista de esquerda de 48 anos, se diz simpatizante do modelo do ex-presidente brasileiro Luiz Inacio Lula da Silva, mas os meios econômicos temem que possa ter influência do chefe de Estado venezuelano, Hugo Chávez, quem o apoiou na eleição de 2006.

Uma gama de analistas sugeriram que Humala deva reagir com presteza e imitar Lula, que nomeou dois independentes para o Banco Central e o ministério da Economia, quando assumiu em 2003. "É bom dar sinais de tranquilidade anunciando que o Banco Central seria chefiado por um independente; é o melhor seguro contra a inflação", disse à AFP Luiz Felipe Arizmendi, presidente da consultora GPI. Segundo ele, "o governo Humala deve trabalhar a parte econômico-financeira com a mão direita, e toda a parte dos programas sociais com a esquerda".

Gianfranco Castagnola, presidente da Apoyo Consultoria, uma das mais importantes do país, disse à AFP que Humala deve seguir Lula "que soube ganhar a confiança dos mercados ao nomear um banqueiro para o Banco Central e, para o ministério da Economia e Finanças, uma pessoa conhecida por sua ortodoxia financeira e austeridade fiscal".

A taxa de câmbio resistia às pressões graças a uma importante venda de dólares no mercado livre para evitar a desvalorização da moeda peruana, uma das mais estáveis da América Latina, asseguraram analistas. "O Banco Central não vai deixar que o dólar suba para não criar pressões inflacionárias", afirmaram.

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