postado em 07/06/2011 08:08
Em clima de cortejo, e depois de sucessivos adiamentos, Dilma Rousseff e Hugo Chávez tiveram ontem seu primeiro encontro bilateral. Conversaram por quase três horas no Palácio do Planalto e trocaram elogios diante das câmeras. A presidente brasileira começou a reunião com um ;muchas gracias; ao colega pela expansão das relações bilaterais. Os dois governantes assinaram acordos na área de habitação, infraestrutura, biotecnologia e energia. Além disso, o presidente venezuelano mostrou interesse na compra de até 30 aviões da Embraer para voos comerciais até o Caribe. O visitante também afirmou que ;há pressa; na integração na América Latina.Para iniciar uma nova fase na relação entre Brasil e Venezuela, Dilma e Chávez firmaram oito acordos entre 30 que estavam na lista de espera. Os dois países ;estão desenvolvendo um novo modelo de relacionamento e de cooperação;, afirmou Chávez. ;Podemos dizer que começa um novo momento estratégico dessa relação, porque nos anos anteriores viemos abrindo os caminhos e os horizontes. Agora há um conjunto muito grande de projetos, de possibilidades.;
Um dos grandes avanços foi o financiamento de US$ 637 milhões do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) à Petróleos de Venezuela S.A (PDVSA), para a construção de um estaleiro no nordeste venezuelano. O Brasil também está repassando a experiência do programa Minha Casa, Minha Vida. O modelo deve fazer parte do plano Gran Misión Vivendas, com financiamento da Caixa Econômica Federal.
O presidente venezuelano expôs o interesse da estatal Conviasa em comprar aviões da Embraer, para suprir um mercado que, segundo o mandatário, está parado e dependente de outros países. ;Se você quiser ir para as ilhas, precisa ir até Nova York: não existem voos diretos para o Caribe;, afirmou Chávez. Segundo o assessor internacional do Planalto, Marco Aurélio Garcia, as negociações já estão em andamento. ;Ele se mostrou favorável e vai fazer um estudo sobre a transação. Serão 20 ou 30 aeronaves para voos comerciais;, declarou. O assunto pode ser discutido na viagem de Dilma a Caracas, marcada para 5 de julho, quando se reunirão na capital venezuelana governantes dos países que formam a Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac).
Galanteio
No primeiro encontro bilateral com a presidente brasileira, depois de ter cancelado uma visita na última hora, em maio, Chávez fez um discurso improvisado de 20 minutos e não poupou um galanteio. ;Quando vi Dilma pela primeira vez, ela roubou meu coração;, afirmou o presidente venezuelano, que arrancou risos da plateia. ;É verdade. Foi em Caracas e ela era ministra. Eu não a conhecia. Perguntei ao Rafael (Correa, presidente do Equador): ;Quem é essa mulher?; Vi ali uma figura para esse novo momento.;
O visitante também comentou sobre a integração regional. ;Além dos mares existe uma crise ética, econômica e social;, disse, referindo-se à Europa. ;Queremos consolidar nossa América Latina como uma zona de paz, de progresso e de justiça social. Estamos fazendo um novo mundo e vamos trabalhar para que nada detenha esse amanhecer;, declarou o mandatário, que deixou Brasília ontem mesmo rumo ao Equador e a Cuba.