Agência France-Presse
postado em 09/06/2011 18:05
HAVANA - A família do preso político cubano Orlando Zapata, morto em fevereiro de 2010 em greve de fome, partiu para Miami nesta quinta-feira com as cinzas do ativista, encerrando um capítulo de tensões entre o governo cubano e a dissidência, que desencadeou a libertação de uma centena de presos políticos.Reina Tamayo, mãe de Orlando Zapata, e outros 12 familiares, chegaram às 16h15 locais (17h15 de Brasília) a Miami para se exilar nessa cidade.
As Damas de Branco de Miami e outros grupos do exílio esperavam a família cubana para dar as boas-vindas, com cartazes que diziam "Zapata Vive" e buquês de rosas vermelhas. "Sinto dor ao sair de nossa pátria. Não estou conformado com isso, mas tenho os restos do meu filho. Nunca o abandonei", disse Tamayo, que viajou com quatro filhos, quatro netos, duas noras, um genro e seu marido.
Apesar de o governo ter dado permissão de saída do país em novembro passado, Tamayo negava-se a emigrar sem os restos mortais de seu filho, finalmente exumado pelas autoridades na terça-feira no cemitério de Banes, na província de Holguín, 840 km a leste de Havana, e levados à capital com toda a família para sua cremação. "Vamos embora por conta dos maus tratos que sofremos do governo. Mas esta mãe continuará lutando pelo que tanto Orlando Zapata defendia para o povo cubano: liberdade e democracia", disse a mulher, de 62 anos, que se tornou férrea opositora depois da morte de seu filho.
Zapata, um pedreiro de 42 anos - sem filhos nem mulher - detido em 2003 e com pena acumulada de cerca de 30 anos por crimes como desordem pública e desacato, morreu em 23 de fevereiro de 2010 após uma greve de fome com a qual exigia melhores condições carcerárias.