Agência France-Presse
postado em 11/06/2011 10:00
CIDADE DO VATICANO - O extermínio dos ciganos pelos nazistas é um drama pouco reconhecido e a consciência europeia não pode esquecer de tal dor, afirmou o Papa Bento XVI, ao receber neste sábado, no Vaticano, 2.000 ciganos de toda a Europa."A consciência europeia não pode esquecer tal dor. Que nunca mais seu povo sofra vexames, rejeição e desprezo", exclamou o Papa no transcurso da histórica visita.
"Milhares de mulheres, homens e crianças foram exterminados de maneira bárbara nos campos de concentração", recordou Bento XVI ao receber o grupo de ciganos no Salão Paulo VI do Vaticano.
"Seus filhos têm direito a uma vida melhor", afirmou o Papa, que incentivou os ciganos a colaborar com a Europa.
"Proporcionem, vocês também, uma colaboração efetiva e legal, a fim de que suas famílias se insiram dignamente no tecido civil europeu", afirmou o Papa.
"A Europa, que derruba suas fronteiras e considera como riqueza a diversidade dos povos e das culturas, também lhes oferece novas possibilidades", declarou ainda.
Monsenhor Antonio María Veglio, presidente do Conselho Pontifício para os Imigrantes e Itinerantes, destacou que os ciganos "estão vivendo uma nova etapa que lhes oferece a oportunidade de uma vida mais digna", mas que devem ver sua "identidade consolidada".
O Papa saudou os ciganos, que agitavam lenços amarelos e brancos, as cores do Vaticano. "A Igreja é uma casa para todos vocês", disse, citando o que havia declarado Paulo VI, em 1965, em Pomezia, sul de Roma: "Na Igreja não estão à margem, e sim, em certos aspectos, estão no centro, em seu coração".
Em uma cerimônia acompanhada de música tradicional, Bento XVI ouviu o testemunho de uma sobrevivente austríaca de Auschwitz e de Bergen-Belsen, de uma monja cigana da Eslováquia, e de dois jovens que cresceram em acampamentos em Roma.
Os ciganos foram a Roma para celebrar o 150; aniversário do nascimento do cigano de origem espanhol Zeffirino Giménez Malla, beatificado em 1997 pelo Papa João Paulo II.