Agência France-Presse
postado em 12/06/2011 09:46
DAMASCO - O exército sírio en trou neste domingo na cidade de Jisr al Shughur (província de Idleb, noroeste) para "expulsar os grupos armados", segundo afirmou a televisão estatal, informando ainda sobre dois mortos e inúmeras prisões.O exército entrou na cidade depois de desativar os explosivos e cargas de dinamite colocados pelos grupos armados nas pontes e ruas, segundo a tv.
"Dois homens armados morreram e um grande número de pessoas foi presa", afirmou ainda a fonte.
Um militante dos direitos humanos informou, por sua vez, que a cidade é palco de intesos bombardeios. Segundo a fonte, há pelo menos 200 tanques na cidade.
Nos últimos dias, a repressão tem sido particularmente violenta em Idleb, a 330 km de Damasco. A onda de violência assola a Síria três meses após o início da revolta popular contra o regime de Bashar Al Assad.
Apesar das sanções e protestos internacionais, o regime sírio parece disposto a reprimir violentamente todo e qualquer protesto, em ações classificadas como uma "selvageria" pela vizinha Turquia e "espantosas" pela Casa Branca.
Enquanto os 15 membros do Conselho de Segurança da ONU não chegam a um acordo sobre uma resolução que condene a repressão, os Estados Unidos exigiram que "cessem imediatamente a violência e brutalidade".
Na sexta-feira, numa violenta repressão em Maaret al Numan, nos arredores de Jisr al Shugur, os militares mataram cerca de dez civis ao disparar contra dezenas de milhares de manifestantes, de acordo com ativistas e testemunhas.
A TV estatal acusou "grupos terroristas armados" por um ataque ao quartel das forças de segurança de Maaret Al Numan e de ter ateado fogo a plantações ao redor de Jisr al Shugur. No entanto, testemunhas garantem que foram os soldados quem incendiaram os campos de trigo da região.
Neste sábado, o exército sírio chegou à cidade de Jisr al Shugur, na província de Idleb. O regime havia anunciado na véspera uma operação militar "a pedido dos habitantes".
Nesta cidade de cerca de 50 mil habitantes, "todo mundo foi embora, não restou nada", afirmou Abu Talal, um camponês de 45 anos que mora em uma deserta colina com sua família.
Em apoio a Jisr Al Shugur, dezenas de milhares de pessoas protestaram na sexta-feira em todo o país, numa convocação dos militantes pró-democracia.
De acordo com ativistas dos direitos humanos, vinte e cinco pessoas morreram pelos militares que repreendiam esses movimentos.
Devido às restrições impostas pelo regime, os jornalistas não podem transitar livremente pelo país e as informações recebidas por fontes idenpendentes nunca são confirmadas pelo Governo.
Vários desertores do Exército, refugiados na fronteira turca, relataram a brutal repressão exercida por suas unidades contra os movimentos de protesto. Eles também falaram do medo de alguns soldados, ameaçados de morte caso deixem as Forças Armadas.
Desde 15 de março, a repressão já deixou na Síria mais de 1,2 mortos, dez mil presos e a fuga de outros milhares - 4,6 mil só em direção a Turquia -, de acordo com dados de Organizações Não-Governamentais.