Agência France-Presse
postado em 12/06/2011 19:12
Os italianos começaram a votar neste domingo em vários referendos sobre a imunidade penal de Silvio Berlusconi, o retorno à energia nuclear e a privatização da água, um novo teste para o chefe de governo, depois de seu recente fracasso nas eleições municipais.O essencial da consulta é a taxa de participação, que deve alcançar 50% mais um voto para que estes referendos, capazes de derrubar as leis em vigor, sejam válidos. Desde 1995, nunca alcançaram o quorum necessário em uma votação desse tipo.
Neste domingo à noite, ao fechamento dos colégios eleitorais, a taxa de participação era de 41%, à espera da abertura na segunda-feira para continuar as consultas. Silvio Berlusconi deixou bem claro que não iria votar neste domingo nos referendos, promovidos pela oposição.
Seu partido, o Povo da Liberdade (PDL), não deu indicações de voto sobre a privatização da água e o retorno da energia nuclear. Mas chamou seus partidários a não participar do referendo sobre a imunidade penal, para evitar que se alcance o quórum necessário para dar validade à consulta.
Berlusconi, atualmente envolvido em três casos - corrupção de testemunha, fraude fiscal, prostituição de menor e abuso de poder - teme acima de tudo a derrubada da chamada lei de "legítimo impedimento", que lhe permite ausentar-se em seus processos invocando suas obrigações de primeiro-ministro.
O segundo referendo foi convocado para questionar a lei que reintroduzia a energia atômica, uma das propostas emblemáticas do governo de direita.
A Itália, um dos poucos países da Europa sem centrais nucleares por tê-las fechado há mais de 20 anos, decidiu voltar à energia atômica, mas o chefe de governo se viu obrigado a voltar atrás em seus planos depois da enorme rejeição suscitada pelo acidente na central japonesa de Fukushima.
A oposição acredita que Berlusconi interrompeu seu programa nuclear com o único objetivo de esvaziar o referendo, e assim dissuadir os italianos de se mobilizar para votar sobre a lei de Legítimo Imedimento.
O terceiro referendo é sobre a privatização do setor de água. Esta se mantém como um bem público, mas na consulta se planeja a liberalização de sua gestão e a tarifação.
Cerca de 47,2 milhões de italianos foram convocados a votar, aos quais somam-se os 3,2 milhões de italianos residentes no exterior. A votação ocorreu neste domingo até as 17h00 de Brasília, e na segunda-feira ocorrerá das 02h00 às 10h00 de Brasília.