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Uribe testemunhará no Congresso por caso de espionagem ilegal

Agência France-Presse
postado em 15/06/2011 19:22
BOGOTÁ - O ex-presidente da Colômbia, Álvaro Uribe, testemunhará na quinta-feira pela primeira vez diante de uma comissão de inquérito do Congresso, que investiga um escândalo de escutas ilegais durante seu governo (2002-2010), confirmaram nesta quarta-feira fontes parlamentares.

A sessão, que o próprio ex-presidente solicitou e na qual seu depoimento é voluntário, será aberta ao público e será transmitida pela televisão. Espera-se que na audiência estejam presentes algumas das vítimas e seus advogados.

O caso tem a ver com escutas e perseguições ilegais por parte do serviço de inteligência DAS a juízes da da Corte Suprema de Justiça que questionaram vínculos entre paramilitares e líderes políticos da coalizão de governo, segundo a procuradoria.

Políticos de oposição, entre os quais se destacam os ex-senadores Gustavo Petro (esquerda) e Piedad Córdoba (liberal), e vários jornalistas também foram gravados, seguidos e hostilizados, segundo as denúncias.

Uribe é apontado por vítimas do caso como a pessoa que ordenou a espionagem, apesar de ele negar e assegurar que as evidências e depoimentos contra ele são falsos ou foram manipulados.

O DAS é um órgão que depende diretamente da presidência.

O questionamento de Uribe no Congresso foi atrapalhado pela recusa do congressista que liderava o caso, o conservador Alfredo Bocanegra, e depois pela renúncia de seu substituto, Camilo Abril, do partido de centro Mudança Radical, que denunciou ameaças a ele e a sua família.

O caso está agora a cargo do parlamentar Yahir Acuña, do Partido da Integração Nacional, um dos grupos políticos mais questionados pelos vínculos de alguns de seus dirigentes com os paramiliates de extrema direita que combatiam as guerrilhas esquerdistas e cometeram milhares de crises contra civis.

O escândalo da espionagem ilegal na Colômbia ocorreu em 2009. Dois ex-diretores da agência de inteligência, Fernando Tabares e Jorge Lagos, já foram condenados pelo caso, apesar de negociarem diminuição de penas em troca de informação.

Há um mês, a procuradoria imputou ao ex-secretário da presidência Bernardo Moreno, e à ex-diretora do DAS, María del Pilar Hurtado, atualmente exilada no Panamá.

Segundo a procuradoria, ambos realizaram atividades de inteligência "sem mandado judicial, em especial os juízes da Corte Suprema de Justiça".

Especificamente, sobre a atuação da ex-chefe do serviço secreto colombiano, a procuradora disse que esta "ordenou a gravação de sessões reservadas dos juízes da Corte Suprema de Justiça".

Uribe defendeu que seus ex-funcionários podem pedir asilo, por considerar que na Colômbia a Justiça não lhes dá garantias suficientes.

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