Agência France-Presse
postado em 15/06/2011 20:44
LONDRES - O ministro britânico da Economia, George Osborne, confirmou nesta quarta-feira uma ampla reforma do setor financeiro, que obrigará os grandes bancos a separar suas atividades de varejo das de investimento para evitar que os clientes tenham que pagar pelo resgate das entidades financeiras em dificuldades.Em seu tradicional discurso anual na Mansion House - a residência oficial do prefeito da cidade de Londres - diante da nata do setor financeiro britânico, Osborne deu também o pontapé inicial na privatização do Northern Rock, o primeiro dos bancos britânicos a ser salvo pelo governo, em 2007.
Tal como estava previsto, Osborne aproveitou a oportunidade para apoiar as conclusões da comissão criada pelo goveno e dirigida pelo economista John Vickers, que em abril passado recomendou a separação das atividades varejitas dos bancos para proteger os ativos dos correntistas em caso de nova crise financeira. Apesar de a comissão não prever uma divisão "universal" dos bancos, ela aconselha que eles separem suas atividades de varejo e de investimento através da criaçao de filiais distintas dotadas de capitais próprios.
Esta comissão deverá apresentar em setembro as medidas a serem tomadas para resolver a espinhosa questão dos bancos chamados "too big to fail", ou "grandes demais para quebrar". "Não podemos nos permitir arriscar a estabilidade e a prosperidade de toda a economia", disse Osborne em seu discurso.
Entre 2007 e 2009, a Grã-Bretanha destinou dezenas de bilhões de libras para salvar uma série de bancos (como o Royal Bank of Scotland, Lloyds Banking Group, Northern Rock, etc.), provocando uma explosão do déficit e da dívida do país.
O governo conservador de David Cameron, no poder desde o ano passado, tem apresentado a fatura aos contribuintes. Osborne também se pronunciou a favor de forçar os bancos a aumentar seus fundos próprios, mas disse que desejava a aplicação dessas medidas em todo o mundo.
Os bancos britânicos criticaram as medidas argumentando que elas reduzirão sua capacidade de concessão de crédito e aumentarão seus custos. Alguns bancos haviam, inclusive, ameaçado abandonar o Reino Unido caso fossem obrigados a separar completamente suas atividades de varejo e de investimentos.