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Mais de 1.800 imigrantes se afogaram no Mediterrâneo este ano

Agência France-Presse
postado em 16/06/2011 15:58
ROMA - Nos primeiros seis meses de 2011, 1.820 imigrantes, a maioria proveniente da África, se afogaram no Mediterrâneo, segundo estimativas divulgadas nesta quinta-feira (16/6), em Roma, pela comunidade católica São Egídio. A entidade, que dá assistência aos imigrantes tanto legais quanto ilegais na Itália, organizou uma vigília de oração em homenagem a estes mortos, que morreram tentando realizar o sonho de mudar de vida.

A celebração, presidida pelo monsenhor Antonio Maria Veglio, presidente do Conselho Pontifício para os Migrantes, quer sacudir as consciências dos europeus e, em particular, dos italianos para que sejam mais solidários.

O ato, chamado "Morrer de esperança", homenageia as centenas de imigrantes, a maioria jovens e homens, que se afogaram durante o naufrágio das barcaças a bordo das quais tentavam entrar no velho continente. Dezenas de milhares de imigrantes e refugiados africanos chegaram este ano à ilha italiana de Lampedusa, procedentes principalmente de Tunísia e Líbia, fugindo da instabilidade no norte da África.

Segundo números do Ministério do Interior italiano, 42.000 imigrantes provenientes da África desembarcaram este ano na Itália, 18.374 dos quais da Líbia. A maioria dos mortos, 1.633, se dirigia à ilha italiana de Lampedusa, no arquipélago das Pelágias, no mar Mediterrâneo e situada a 205 km da ilha da Sicília e a 113 km de Tunísia, segundo cálculos da São Egídio.

Boa parte dos imigrantes, sobretudo aqueles procedentes de Somália, Eritreia e Etiópia, fogem da guerra em seus próprios países ou do conflito na Líbia, onde trabalhavam ou viviam em campos para refugiados.

As condições da travessia costumam ser terríveis, pois viajam em barcaças velhas, superlotadas, guiadas por traficantes de seres humanos sem escrúpulos, que os abandonam em frente à costa europeia. Segundo a São Egídio, o número de mortos real é muito maior, já que algumas embarcações naufragaram sem que houvesse testemunhas. "A morte de uma única pessoa nessas condições (...) representa uma derrota para todos e não se pode ser indiferente diante disso", declarou o monsenhor Veglio.

Vários movimentos políticos europeus, entre eles o italiano Liga Norte, protestam contra a presença de tantos imigrantes na Europa e pressionam para que adotem medidas severas contra esse fenômeno.

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