Agência France-Presse
postado em 16/06/2011 18:16
SANTIAGO - Ao menos 50 mil estudantes e professores participaram de uma passeata nesta quinta-feira nas ruas de Santiago, numa das maiores manifestações dos últimos anos no país, para exigir mais recursos para a educação pública no Chile.Segundo os organizadores, os manifestantes querem que o Estado amplie a verba destinada à educação pública - atualmente de 4,4% do PIB chileno - ao nível recomendado pela Unesco, que é de 7%. Ainda segundo a polícia, os manifestantes se reuniram pouco antes do meio-dia na Praça Itália, no centro da cidade, tradicional reduto de celebrações, para então seguirem pela avenida Alameda até os arredores do Palácio Presidencial da La Moneda e o Ministério da Educação.
A manifestação foi precedida por uma outra, realizada na quarta-feira, que reuniu cerca de 7 mil estudantes, também no centro de Santiago, e que gerou violentos choques com a polícia, além de 50 detidos e vários feridos.
A presidente da Federação de Estudantes chilenos, Camila Vallejo, solicitou às autoridades que ouvissem a solicitação e pediu às pessoas que façam parte da mobilização. "A educação não é uma mercadoria, é um direito, e é preciso que se entenda isso", disse ela. Para Vallejos, até o momento só foi realizado "um diálogo de surdos" com o governo. Segundo os organizadores, a marcha reuniu 70.000 pessoas, que portavam bandeiras coloridas e cartazes e interromperam o trânsito por mais de duas horas.
No Chile, 40% dos 3,5 milhões de estudantes frequentam colégios públicos e 50% estudam em escolas nas quais o Estado e os padres contribuem para o pagamento das mensalidades (subsidiadas). O restante, 10% deles, estudam em colégios privados. Quanto aos um milhão de universitários do país, 80% frequentam instituições privadas e o restante instituições públicas.
Ambas são bastante exigentes e têm um sistema de créditos direcionado ao mercado, sendo que há pouco acesso à bolsas de estudo no país.
A manifestação ocorre num momento em que a popularidade do presidente Sebastián Piñera alcançou seu nível mais baixo (36%) desde que assumiu há 15 meses.