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Ban Ki-moon condena repressão na Síria

postado em 17/06/2011 08:38
No primeiro dia de sua visita de dois dias a Brasília, última escala de uma viagem pela América do Sul, o secretário-geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon, subiu o tom da condenação ao regime da Síria pela repressão brutal das manifestações contra o presidente Bashar Al-Assad. ;Exijo do presidente Assad e de suas autoridades que parem de matar pessoas, que se comprometam com um diálogo inclusivo e que assumam medidas audazes, antes de que seja tarde demais;, disse Ban, que se reuniu com a presidente Dilma Rousseff e com o chanceler Antonio Patriota. O secretário-geral convocou a comunidade internacional a ;falar com uma posição coerente;, embora o Conselho de Segurança da ONU tenha sido incapaz, até aqui, de alcançar consenso para aprovar uma resolução sobre a crise síria.

França, Reino Unido e Alemanha, com aval dos Estados Unidos, apresentaram ao conselho, na semana passada, um projeto de moção condenando o regime de Damasco. Ao contrário dos termos da Resolução n; 1.973, que autorizou o uso da força contra o ditador líbio, Muamar Kadafi, o texto sobre a Síria não previa nenhuma represália. Mesmo assim, a iniciativa esbarra na resistência da Rússia e da China, ambos membros permanentes do órgão, com direito de veto. Em declaração conjunta divulgada ontem, os presidentes Dmitri Medvedev e Hu Jintao reiteraram sua oposição a ;ingerências externas; nos países árabes, imersos há seis meses em uma onda de revoltas pela democracia.

O governo brasileiro manifestou reservas ao projeto de resolução dos europeus sobre a Síria e trabalha por uma fórmula alternativa, mais branda que uma condenação formal. Em março, quando o conselho votou sobre o uso da força na Líbia, o Brasil foi um dos cinco países que se abstiveram, ao lado de Rússia, China, Índia e Alemanha. A Resolução n; 1.973 teria sido vetada se russos ou chineses optassem pelo voto contrário. A demora em levar a votação o texto sobre a Síria indica que, com a redação atual, a proposta seria derrubada.

Em contraste, os Estados Unidos reafirmaram ontem sua condenação à repressão ;atroz; contra os opositores sírios e fizeram coro a Ban Ki-moon.

O Conselho de Direitos Humanos da ONU havia se manifestado na véspera, pedindo mais uma vez a Damasco que autorize uma missão do órgão para investigar as violações aos direitos humanos, cerca de três meses depois do início das manifestações contra Al-Assad. Segundo levantamentos da própria ONU e de ONGs, mais de 1.200 pessoas morreram desde então e cerca de 10 mil ativistas políticos foram presos. Além disso 8.500 sírios fugiram para a Turquia, e 5 mil para o Líbano. A estrela de Hollywood Angelina Jolie, que é embaixadora de boa vontade das Nações Unidas, visitará hoje um campo montado no sul da Turquia para alojar os refugiados.

Tragédia
A ;primavera árabe;, que completa seis meses hoje, não apenas colocou por terra dois presidentes que governavam seus países por três décadas ; primeiro, Zine El-Abidine Ben Ali, da Tunísia; depois, Hosni Mubarak, do Egito. Na Líbia, o processo degenerou em guerra civil, e o Iêmen toma rumo semelhante. Nos seis meses desde o início da revolta na Tunísia, 42 mil refugiados e imigrantes desembarcaram na Itália, de acordo com o governo local. Mais de 18 mil tinham partido da Tunísia. Segundo dados divulgados ontem em Roma pelo Conselho Pontifício para os Imigrantes, ao menos 1.820 africanos se afogaram na tentativa de chegar à costa europeia em embarcações improvisadas ou superlotadas.

Espanha reconhece Rebeldes líbios
A Espanha, um dos países europeus que participam da intervenção militar ocidental contra Muamar Kadafi, anunciou ontem a expulsão do embaixador líbio, Ajeli Abdussalam Ali Breni, e mais três funcionários da representação ; todos acusados de desenvolverem ;atividades incompatíveis com a função diplomática;. A decisão foi tomada uma semana depois de o governo socialista ter reconhecido oficialmente o Conselho Nacional de Transição, espécie de governo revolucionário estabelecido pelos rebeldes na cidade de Benghazi, como representante legítimo da Líbia.

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