Agência France-Presse
postado em 17/06/2011 20:32
ROMA - A promotoria italiana pediu nesta sexta-feira prisão perpétua para o ex-promotor militar chileno Alfonso Podlech, acusado em Roma pelo desaparecimento e morte de um cidadão ítalo-chileno durante a ditadura militar no Chile (1973-1990). "O acusado deve ser considerado culpado pela morte de Omar Venturelli", disse o promotor Giancarlo Capaldo.Podlech, de 76 anos, assistiu a quase todas as audiências do julgamento, iniciado em 13 de outubro de 2009, após ter sido extraditado da Espanha para a Itália em 2008.
O promotor Capaldo solicitou a pena mais alta sem atenuantes para o ex-promotor, militar do regime de Augusto Pinochet, acusado durante o julgamento por várias testemunhas de assistir a brutais interrogatórios de opositores "vestido com uniforme do exército", e de ter sido cúmplice do desaparecimento de militantes de esquerda. "Ele não apresentou um só gesto de arrependimento", disse Capaldo em seu comovente depoimento, no qual acusou Podlech de "assassinato, homicído e sequestros". "Uma pessoa preocupante, que junto com outros causou a morte de centenas".
A corte romana deverá pronunciar sua sentença na próxima semana, após um Tribunal de Apelações decidir sobre um recurso da defesa. Segundo os advogados de defesa, Nicola Caricaterra e Stefano Zoccano, a justiça italiana não pode julgar Podlech por assassinato devido ao fato de esse delito não figurar no seu pedido de extradição feito à Espanha. "Trata-se de uma estratégia para tentar retardar o processo", disseram os advogados dos familiares das vítimas.
Podlech foi detido no aeroporto espanhol de Barajas e enviado à Itália para ser julgado por sua participação no desaparecimento e morte de Omar Venturelli, ex-sacerdote de origem italiana, detido em Temuco, sul do Chile, pouco depois do golpe de Estado de 1973.
O nome do ex-promotor chileno figura na lista das 140 pessoas - entre militares e agentes de segurança de Argentina, Bolívia, Brasil, Chile, Paraguai, Peru e Uruguai - investigados pela morte e desaparecimento de 25 pessoas de origem italiana.
Os julgamentos foram abertos pela procuradoria italiana na década de 90 e incluíram intercâmbio de informações e prisioneiros entre as ditaduras sul-americanas dos anos 70 e 80. Caso seja condenado, será o primeiro detido por crimes contra a humanidade na América do Sul a pagar sua pena em uma prisão italiana.