postado em 20/06/2011 08:42
O pacto de estabilidade negociado entre os governos da zona do euro ; os países que adotam a moeda única da União Europeia (UE) ; motivou ontem o primeiro grande protesto em escala nacional do Movimento 15 de Maio, também conhecido como ;os indignados;, com milhares de pessoas nas ruas das principais cidades da Espanha. Os manifestantes gritaram lemas contra o pacote de austeridade adotado pelo governo socialista espanhol, de linhas semelhantes às do plano em debate atualmente na Grécia. O premiê George Papandreou pediu ontem à oposição conservadora um ;acordo nacional; para aprovar os ;dolorosos; cortes de gastos exigidos pelo Banco Central Europeu e pelo Fundo Monetário Internacional (FMI) para liberar uma ajuda financeira de emergência.
Dezenas de milhares de pessoas desfilaram em Madri e mais uma centena de cidades espanholas. No centro da capital, a Praça Netuno, perto da Câmara de Deputados, foi o ponto de encontro de seis marchas que partiram de vários pontos da cidade e reuniram 40 mil participantes. Em Barcelona, a polícia catalã calculou em 50 mil o número de manifestantes. As cenas se repetiram em Valencia, Bilbao, Granada e Málaga.
;Temos de criar uma nova democracia;, discursou um dos oradores em Madri, entoando um dos lemas do movimento, que rejeita os partidos e instituições políticas estabelecidos. ;Temos de preparar uma greve geral. Vamos parar este país;, convocou. ;Não pagaremos pela crise; e ;o povo unido jamais será vencido;, respondia a multidão. ;É preciso dizer basta aos políticos e aos grandes empresários que controlam os políticos. Esse movimento vai mudar as coisas;, disse à agência de notícias France-Presse Braulio López, 45 anos, funcionário do metrô.
Além da insatisfação com o sistema político, os ;indignados; espanhóis elegeram como alvo o pacto de estabilidade da zona do euro e o rigor orçamentário que ela impõe, em um país onde a crise iniciada em 2008 mantém a taxa de desemprego em 21%. Entre os menores de 25 anos, os desocupados são quase 50%. Em menor escala, a manifestação se reproduziu ontem também na França, onde 450 ;indignados; marcharam para a Praça da Bastilha, em Paris, e em Portugal, onde 300 pessoas desfilaram em Lisboa. Na Grécia, 3 mil pessoas voltaram a se manifestar diante do Parlamento, na abertura dos debates sobre o plano de austeridade.
Apelo à união
Em discurso aos parlamentares, o primeiro-ministro George Papandreou, socialista, pediu um ;acordo nacional; e reafirmou que a única saída para a crise aguda da dívida pública implica ;cortes dolorosos; nas despesas do Estado, inclusive nos programas sociais. Segundo Papandreou, o país chegou a um ;ponto crucial; e corre o risco de ser empurrado a um calote ;catastrófico;. O premiê também pediu apoio para o novo gabinete formado na sexta-feira, em especial ao ministro das Finanças, Evangelos Venizelos, bem aceito pelos empresários. O plano de austeridade deve ser votado pelos parlamentares na noite de amanhã.
Venizelos participou ontem, em Luxemburgo, de uma reunião extraordinária dos ministros de Economia e Finanças da Zona do Euro para discutir a crise grega e evitar a contaminação de outros países do continente, ou do sistema financeiro internacional. Entre as opções apresentadas está um novo pacote de ajuda, além do empréstimo de US$ 110 bilhões aprovado no ano passado. Os ministros vão discutir também a aprovação do repasse da quinta parcela do pacote, de 12 bilhões de euros.
Caso a ajuda não seja aprovada, a Grécia pode até decretar moratória de sua dívida, aumentando com isso o custo dos empréstimos tomados por outros países e levando a novos calotes.
Temos de preparar uma greve geral. Vamos parar este país;
Discurso pronunciado na manifestação dos ;indignados; no centro de Madri