Agência France-Presse
postado em 20/06/2011 10:20
Beirute - O ex-presidente tunisiano Zine El Abidine Ben Ali, cujo julgamento começou nesta segunda-feira, afirmou que não abandonou seu cargo de presidente da República e nem fugiu, mas que deixou o país "enganado" por um chefe de segurança, em um comunicado emitido nesta segunda-feira.Seu advogado libanês Akram Azuri afirmou, no entanto, que "isso não quer dizer que Ben Ali ainda se considere presidente da Tunísia". O ex-chefe de Estado explica no comunicado enviado à AFP que o diretor-geral encarregado de sua segurança, Ali el Siriati, afirmou, em 14 de janeiro, que iriam assassiná-lo e que o palácio presidencial estava cercado.
"Saí enganado da Tunísia", contou."Ali el Siriati insistiu em acompanhar minha família a Jidá por algumas horas para que os serviços de segurança pudessem liquidar com o complô e garantir minha sergurança", explicou.
"Então tomei o avião com minha família (...), mas, depois de nossa chegada a Jidá, o avião voltou para a Tunísia sem me esperar, contrariando minhas ordens diretas. Fiquei em Jidá em contra minha vontade. Mais tarde, foi anunciado que eu havia fugido da Tunísia".
O julgamento de Ben Ali começou nesta segunda-feira em Túnis, sem a presença do acusado, que rejeitou de antemão as acusações feitas contra ele.A audiência acontece em uma sala do tribunal de primeira instância de Túnis.
Vários jornais qualificaram o julgamento de histórico. "Pela primeira vez em nossa longa história um presidente que se tornou ditador, predador e sanguinário será julgado", afirma o Tunis-Hebdo.
Ben Ali está refugiado na Arábia Saudita desde 14 de janeiro. Esta é a primeira de uma longa série de ações judiciais contra o ex-presidente. No processo, Ben Ali e a esposa Leila Trabelsi são julgados pela descoberta de grandes quantias de dinheiro, joias, armas e drogas em dois palácios do governo. No domingo, Ben Ali rebateu, por meio de um advogado libanês, as acusações.