Agência France-Presse
postado em 21/06/2011 17:13
NOVA IORQUE - Ban Ki-moon, que foi reeleito nesta terça-feira para um segundo período como secretário-geral da ONU, não conta com o carisma de seu predecessor, Kofi Annan, mas a imagem desse workaholic recuperou certo prestígio diante de sua audaz posição frente à primavera árabe.O ex-chanceler sul-coreano, de 67 anos, viaja pelo mundo sem descanso. "Ao viajar, sempre é o primeiro a se levantar e o último a se deitar", diz um funcionário da ONU. "Em Nova York, trabalha em casa durante a noite e nos fins de semana", completa. Alto, mas de aspecto frágil e voz suave, Ban Ki-moon tem uma carreira diplomática de 41 anos, que inclui 15 missões relacionadas com as Nações Unidas.
[SAIBAMAIS]Durante seu primeiro mandato de cinco anos, tentou controlar com muito cuidado sua relação com os cinco membros permanentes do Conselho de Segurança, todos eles com direito a veto sobre sua reeleição. E na sexta-feira, por unanimidade e por aclamação, o Conselho de Segurança recomendou sua continuidade no cargo. A Assembleia Geral ratificou a votação nesta terça-feira.
Ban Ki-Moon, "profundamente honrado" pelo voto unânime, disse que estava "motivado e disposto a continuar trabalhando com os Estados-membros". "Estou orgulhoso de tudo o que fizemos juntos, apesar de estar consciente dos enormes desafios adiante", disse depois da votação.
Alguns diplomatas dizem que ele se encontra especialmente perto dos Estados Unidos. Esteve em um momento sob os olhares dos russos por ignorar a independência de Kosovo em 2008 e durante a guerra relâmpago entre Rússia e Geórgia em agosto do mesmo ano. Também teve o cuidado de não provocar a China, evitando criticar seu questionável histórico no que diz respeito aos direitos humanos.
As principais falhas que lhe são atribuídas são sua falta de carisma e um inglês ruim, assim como seu francês. Mas nos últimos tempos, Ban melhorou significativamente sua imagem diante dos olhos de defensores dos direitos humanos ao manifestar seu apoio às revoluções nos países árabes, sem hesitar em utilizar uma linguagem decidida em favor dos rebeldes e exortando os governantes ao diálogo.
Não lhe falta coragem. Emitiu um informe no fim de abril condenando o governo do Sri Lanka, acusado de possíveis "crimes de guerra" durante a repressão da rebelião tâmil, e foi veemente contra o ex-presidente marfinense Laurent Gbagbo. "Ban superou seus críticos, mostrando que podia sustentar um discurso contundente em matéria de direitos humanos e proteção de civis, sobretudo no mundo árabe e na Costa do Marfim. Na Costa do Marfim, seu compromisso é crucial para resolver o conflito", disse um diplomata ocidental.
"Apesar de o primeiro mandato do secretário-geral ter sido em média decepcionante em matéria de direitos humanos, Ban há pouco encontrou sua voz ao falar com mais firmeza sobre Egito, Líbia e Costa do Marfim", observa Philippe Bolopion, da organização Human Rights Watch. "Uma vez liberado das pressões de sua reeleição, ele não terá nenhuma desculpa para se negar a se opor quando for necessário aos membros permanentes do Conselho de Segurança", completa.
Depois de se formar diplomata na Universidade Nacional de Seul em 1970, Ban completou seus estudos na prestigiada Universidade de Harvard, nos Estados Unidos.
Ban começou a trabalhar com as Nações Unidas em 1975, no Ministério de Relações Exteriores de seu país. Nascido em 13 de junho de 1944 em um país em guerra, Ban, junto a seus pais e irmãos, teve de fugir de sua província natal quando a guerra começou, nos anos 1950.
Ban é casado com Yoo (Ban) Soon-taek, a qual conheceu na escola secundária em 1962. Tem um filho e duas filhas.