Mundo

Obama anuncia início da retirada de cinco mil soldados do Afeganistão

Cinco mil soldados devem sair em julho. Até a eleição de 2012, 30 mil voltarão aos EUA

postado em 22/06/2011 08:23
A expectativa dos observadores é de que Obama tente passar ao eleitorado a mensagem de que a invasão do Afeganistão, em resposta aos atentados de 11 de setembro de 2001, não será eterna.
Os Estados Unidos aguardam para saber, nesta noite, como será conduzida a redução do contingente americano no Afeganistão, depois de quase 10 anos de combate aos extremistas talibãs e à rede terrorista Al-Qaeda. O presidente Barack Obama, que se elegeu sob o compromisso de tirar o país das guerras no Afeganistão e no Iraque, fará pronunciamento às 20h (21h em Brasília) para anunciar os planos concretos para a retirada, que deve começar no mês que vem. Segundo a tevê CNN, que cita uma fonte qualificada, Obama determinará a retirada de 30 mil soldados até o fim de 2012 ; um efetivo equivalente ao reforço enviado pelo presidente à frente afegã no fim de 2009, seu primeiro ano de mandato.

;O presidente se dirigirá à nação para apresentar seu plano, que aplica a estratégia, revelada em dezembro de 2009, de retirar tropas do Afeganistão;, precisou o porta-voz Jim Carney em breve comunicado. Quando ordenou o envio dos reforços, elevando para 100 mil o contingente americano na luta contra os talibãs, Obama prometeu que a partir de julho de 2011 ;nossos soldados começarão a voltar para casa;. O ritmo da retirada, porém, será determinado segundo ;a situação no terreno;, de acordo com a Casa Branca. Em novembro de 2012, o presidente disputará nas urnas o segundo mandato.

De acordo com outra fonte citada pela CNN, a redução de tropas começará com em julho, com a partida de 5 mil soldados. Até o fim do ano, mais 5 mil deixarão o Afeganistão. Obama, que se reúne regularmente com a equipe de segurança e defesa, recebeu na semana passada o general David Petraeus, que comanda as tropas estrangeiras no país ; 99 mil dos EUA e 47 mil de parceiros na Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), além de outros aliados. A decisão do presidente quanto à retirada terá de equacionar duas linhas de preocupação: preservar os progressos ;frágeis e precários; registrados no terreno, mas também levar em consideração a opinião pública americana.

A expectativa dos observadores é de que Obama tente passar ao eleitorado a mensagem de que a invasão do Afeganistão, em resposta aos atentados de 11 de setembro de 2001, não será eterna. A reunião de cúpula da Otan em Lisboa, no fim de 2010, definiu o princípio de que em 2014 seja concluída a transferência das responsabilidades pelo setor de segurança às forças afegãs. Em seu favor, o presidente dos EUA terá como trunfo a bem-sucedida operação que resultou na morte de Osama bin Laden, líder da Al-Qaeda, surpreendido por um comando de elite em uma casa-fortaleza no Paquistão, em 2 de maio.

O efetivo americano no Afeganistão quase triplicou desde a chegada de Obama ao poder, em janeiro de 2009. O presidente insistiu na necessidade de impedir a Al-Qaeda de se recapacitar para um novo ataque em território americano. Desde a morte de Bin Laden, cada vez mais congressistas pedem um prazo claro para o fim das operações no país, cujo custo é avaliado em US$ 10 bilhões por mês.

Pentágono
O Senado confirmou ontem a nomeação do atual diretor da Agência Central de Inteligência (CIA), Leon Panetta, para assumir o Departamento de Defesa no lugar de Robert Gates ; que ocupava o posto no governo de George W. Bush e foi mantido por Obama. Panetta, chefe de gabinete do presidente Bill Clinton, chega ao Pentágono prestigiado pela execução do líder da Al-Qaeda, embora a indicação tenha sido questionada pela oposição, que apontou sua falta de experiência em questões de defesa. O comando da CIA ficará a cargo do general Petraeus, que antes de comandar as tropas no Afeganistão tinha chefiado a transferência de autoridade para as forças locais no Iraque.

Tags

Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor. As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação