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Barack Obama anuncia retirada de 33 mil soldados do Afeganistão

postado em 23/06/2011 10:32
Com um breve discurso de 10 minutos, Barack Obama formalizou ontem seu lance mais agudo na guerra que elegeu como prioridade durante a campanha vitoriosa pela Casa Branca, em 2008, e anunciou os planos para o início da retirada das tropas americanas do Afeganistão. A partir do próximo mês, regressa aos Estados Unidos um primeiro grupo de 5 mil soldados, total que será duplicado até o fim do ano. Até setembro de 2012 ; dois meses antes de o presidente disputar nas urnas a reeleição ; voltarão para casa mais 23 mil, totalizando os 33 mil reforços que o próprio Obama decidiu enviar ao Afeganistão em dezembro de 2009, no marco de uma revisão de estratégia destinada a encerrar a mais longa participação dos EUA em um conflito.

;É o início, mas não o fim, do esforço para terminar essa guerra;, anunciou o presidente, que exibiu como trunfo a execução do líder da rede Al-Qaeda, Osama bin Laden, cuja presença no Afeganistão foi o motivo para a invasão do país, em 2001. ;Nós matamos Bin Laden, o único líder que a Al-Qaeda conheceu;, disse Obama, que festejou o ;fracasso; da organização na tentativa de ;retratar os EUA como um país em guerra com o islã;. Com a rede terrorista ;sob enorme pressão;, o presidente apontou como nova tarefa a ;reconciliação dos afegãos, incluindo o Talibã;, milícia extremista que deu abrigo a Bin Laden. De olho na insatisfação dos eleitores com a situação doméstica, Obama elegeu a crise econômica como novo inimigo: ;Na última década, gastamos US$ 1 trilhão em guerras. É hora de investir na nossa maior riqueza, o povo americano;.

Em resposta aos chamados do Congresso para pôr fim a um esforço militar considerado ;insustentável; até pela oposição republicana, entusiasta da invasão ordenada pelo presidente George W. Bush ; como resposta aos atentados de 11 de setembro ;, Obama resistiu aos que pediam uma retirada mais rápida. Com um custo mensal de US$ 10 milhões e rejeitada pela maioria dos americanos, a campanha no Afeganistão tem sido ainda mais questionada após a operação em que um comando de elite matou o líder da Al-Qaeda, Osama bin Laden, no início de maio, no Paquistão. Mesmo assim, o presidente atendeu ao comandante das tropas estrangeiras na frente afegã, o general David Petraeus, e optou por manter por mais um ano o grosso do contingente.

Os EUA mantêm atualmente no Afeganistão cerca de 100 mil combatentes, que se somam a 47 mil enviados por países aliados ; a maior parte integrantes da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), núcleo básico das forças que dão sustentação ao presidente Hamid Karzai. O governo afegão enfrenta nos últimos uma ressurgência da milícia islâmica Talibã, tirada do poder pelas tropas americanas, no fim de 2001, por dar refúgio e proteção a Bin Laden e sua rede. Desde a morte do terrorista saudita, congressistas republicanos e democratas (governistas) vinham reclamando uma redução drástica dos efetivos e uma mudança de foco: em vez de apoiar a recomposição das instituições afegãs, as tropas deveriam concentrar-se no combate à Al-Qaeda.

Estratégia
Com a repatriação dos 33 mil soldados enviados como reforço, o presidente espera concluir ; em tempo para a disputa pelo segundo mandato ; a reorientação estratégica que anunciou como candidato. Crítico contundente de Bush pela invasão do Iraque, esforço que teria debilitado a caçada ao ;inimigo número 1; no Afeganistão, Obama dedicou o primeiro ano de mandato a uma revisão da estratégia de defesa. Acelerou a transferência de responsabilidades para as forças iraquianas e determinou, em dezembro de 2009, o aumento do contingente no Afeganistão. Lá, o plano prevê agora uma dedicação maior à preparação das tropas locais para que assumam paulatinamente o controle do território até 2014 ; horizonte para o fim da intervenção, embora a Casa Branca não tenha determinado um prazo para encerrar a presença militar no país.

Militares sob investigação
O governo paquistanês confirmou ontem que mais quatro oficiais do Exército estão sendo interrogados sobre supostas ligações com extremistas islâmicos, dias depois de ter sido anunciada a prisão de um general pelo mesmo motivo. O quatro majores não foram identificados, mas o porta-voz do Exército, general Athar Abbas, informou que eles não foram detidos. O general preso é Brig Ali Khan, o militar de patente mais elevada acusado de manter relações com fundamentalistas.

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