postado em 24/06/2011 07:30
Centenas de militares do Exército da Síria estão concentrados próximos à fronteira com a Turquia, elevando ainda mais o clima de tensão entre os dois países. Apoiados por tanques, os soldados entraram ontem de manhã no povoado de Jirbet al-Joz (noroeste), a menos de 1km da fronteira. De acordo com moradores da região, a chegada das tropas do presidente Bashar al-Assad provocou a fuga para o território turco de centenas de civis que estavam na área, em virtude da forte repressão aos protestos contra o governo.Moradores do povoado turco de Guvecci relataram que os militares começaram a chegar por volta das 6h (meia-noite de quarta-feira, no horário de Brasília). Pouco depois, uma bandeira turca erguida pelos desabrigados há poucos dias em um edifício situado ao lado de uma colina foi substituída por uma bandeira síria, conforme o relato de um jornalista da agência France Presse.
A poucos quilômetros ao norte dali, centenas de desabrigados sírios cruzaram a linha fronteiriça ; dividida por uma cerca de arame farpado ; e foram recebidos pelo Exército turco. Autoridades levaram micro-ônibus para enviar os desabrigados a um dos cinco acampamentos construídos pelo Crescente Vermelho turco na província de Hatay, no sul do país. Segundo o presidente do Crescente Vermelho, Tekin Kuçukali, só ontem chegaram mais de 600 pessoas ao local. Um total de 11 mil sírios estão refugiados na Turquia.
;Eles (os refugiados) estão fugindo em pânico. Eles viram o que aconteceu com seus vilarejos;, disse um refugiado, um agricultor da área de Jisr al-Shugour, que afirmou chamar-se Maan. Ele se referia a uma campanha militar na região de campos agrícolas férteis a sudoeste de Aleppo, durante a qual as forças de segurança da Síria mataram mais de 130 civis e prenderam 2 mil, segundo grupos de defesa dos direitos humanos. Cerca de 1,3 mil civis foram mortos por toda a Síria desde meados de março, início da revolta popular, segundo essas entidades.
Diante do agravamento da situação na fronteira, o chanceler turco, Ahmet Davutoglu, falou por telefone com o seu colega sírio, Walid Muallem. A agência de notícias Anatolia, porém, não deu detalhes sobre a conversa. O embaixador sírio em Ankara, Abdulah Derdariy, também foi convocado para prestar mais informações sobre o cerco militar.