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China liberta um dos principais dissidentes do regime comunista do país

postado em 27/06/2011 08:10
Zeng Jinyan, mulher de Hu Jia, exibe foto dela própria com o maridoA China libertou ontem um dos principais dissidentes do regime comunista, após três anos de prisão. Hu Jia, 37 anos, é ativista ambiental e defensor dos direitos dos portadores do vírus da Aids. Ele foi detido em dezembro de 2007 e condenado no ano seguinte por tentativa de subversão. O governo usou como justificativa os comentários publicados por Jia na internet e entrevistas concedidas à imprensa estrangeira na época, meses antes das Olimpíadas de Pequim. Mesmo fora da cadeia, o dissidente estará privado de seus direitos políticos por um ano e não poderá se reunir com os meios de comunicação.


[SAIBAMAIS];Após uma noite em claro, Hu Jia chegou em casa às 2h30. Está tranquilo, muito feliz. Ele precisa descansar. Obrigada a todos;, escreveu a mulher do ativista, Zeng Jinyan, em sua conta no Twitter. Ela também já foi vítima da repressão chinesa e, por vezes, ambos foram detidos ou obrigados a permanecer em prisão domiciliar.
Além de defender causas humanitárias, Hu era porta-voz de vários grupos de vítimas do abuso de poder das autoridades chinesas. O governo chinês não deu mais informações sobre as restrições impostas ao dissidente. Segundo a agência de notícias AFP, é impossível entrar em contato com ele por telefone e a polícia proíbe os jornalistas de se aproximarem do edifício onde moram, nas proximidades de Pequim.


Cuidados médicos

Também via Twitter, Zeng Jinyan disse que, agora, o marido deve aproveitar o período para cuidar de sua saúde. Jia sofre de uma cirrose hepática que piorou na prisão. Enquanto Hu esteve detido, sua mulher criticou duramente, em seu blog, os tratamentos médicos recebidos por ele. Os comentários, no entanto, ficaram mais brandos recentemente, um sinal de que o governo estava exercendo pressões sobre ela também.


O casal tem uma filha de três anos. Hu Jia recebeu do Parlamento Europeu, em 2008, o prêmio Sakharov pela Liberdade de Consciência. Foi indicado ao Nobel da Paz depois de sua condenação. Ele é o segundo dissidente famoso a ser libertado pelas autoridades chinesas nos últimos dias.


Na quarta-feira, o artista Ai Weiwei saiu da cadeia após três meses de cárcere, mediante pagamento de fiança. Sua prisão ocorreu após uma onda crescente de repressão contra a dissidência. Os ativistas chineses passaram a convocar pela internet a chamada Revolução de Jasmin, inspirada nas revoltas do Oriente Médio. Assim como Hu Jia, Ai Weiwei também está com direitos restringidos. Ontem, autoridades alemãs afirmaram que pretendem discutir o destino do artista com o primeiro-ministro chinês, Wen Jiabao, que visitará Berlin nesta semana.

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