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EUA: Irã está "alardeando" sobre seu programa de mísseis

Agência France-Presse
postado em 28/06/2011 19:39
WASHINGTON - Os Estados Unidos disseram nesta terça-feira que o Irã está "alardeando" seu programa de mísseis no lugar de cumprir as obrigações internacionais.

A imprensa estatal do Irã disse que a Guarda Revolucionária, força militar de elite iraniana, disparou 14 mísseis durante um treino desta terça-feira, um deles uma arma de médio alcance capaz de atacar Israel ou alvos americanos no Golfo.

As ações do Irã "não dão confiança a ninguém de que estejam se movendo para o cumprimento das demandas da comunidade internacional", disse a porta-voz do Departamento de Estado, Victoria Nuland.

"O Irã, em vez de tentar congraçar-se com a comunidade internacional... parece estar alardeando sobre suas capacidades, realizando programas secretos, fazendo desfilar novos mísseis frente à imprensa", completou.

"Assim, isso não nos conduz para a direção que queremos ir com o Irã", assegurou.

Nuland disse que a resolução 1929 do Conselho de Segurança da ONU proíbe o Irã de realizar atividades relacionadas com o desenvolvimento de mísseis capazes de transportar armas nucleares. No entanto, não disse se Washington pensa que os mísseis postos à prova têm essa capacidade.

O Irã lançou nesta terça-feira 14 mísseis balísticos de curto e médio alcance, durante um de seus tradicionais exercícios de "defesa" destinados a demonstrar a força do país e a dissuadir Israel e Estados Unidos de atacar a República Islâmica.

Os ;Pasdaran;, oficiais da Guarda Revolucionária que controlam o programa de mísseis iraniano, dispararam um "Ghadr" de médio alcance (1.800 a 2.000 km) e outros 13 modelos de curto alcance: "Zelzal" (400 km), Shahab 1 e Shahab 2 (300 a 500 km).

A informação foi revelada pela televisão estatal, que citou o general Amir Ali Hajizadeh, comandante da Força Aérea da Guarda Revolucionária, o exército de elite iraniano.

Os disparos foram efetuados como parte dos 10 dias de "manobras defensivas" iniciados na segunda-feira pela Guarda Revolucionária, que todos os anos executa exercícios deste tipo e que são amplamente divulgados.

O Ghadr, que teoricamente pode atingir o território de Israel, é uma versão aperfeiçoada do míssil de combustível líquido Shahab-3 iraniano, desenvolvido a partir do No-dong norte-coreano, segundo os especialistas ocidentais.

Os mísseis Shahab 1 e 2, assim com o Zelzal, são derivados do "Scud" soviético.

Apesar de o Irã ter apresentado as manobras como uma "mensagem de paz e amizade para os países da região", que não ameaçam nenhum país, o general Hajizadeh designou claramente os destinatários da demonstração e força.

"Os mísseis iranianos estão dirigidos a objetivos americanos na região e ao regime sionista", declarou à agência oficial Irna.

Em várias ocasiões, Israel e Estados Unidos afirmaram não descartar ataques militares contra a República Islâmica, suspeita, apesar dos reiterados desmentidos, de tentar produzir armamento atômico sob a fachada de um programa nuclear civil.

Em outro sinal a Washington, o general Hajizadeh declarou que o Irã havia mostrado a especialistas russos aviões teleguiados americanos que Teerã afirma ter derrubado sobre o Golfo, onde os Estados Unidos dispõem de importantes bases, principalmente no Bahrein.

Em compensação, o comandante das forças aéreas da Guarda Revolucionária afirmou que os mísseis iranianos "não ameaçam os países europeus".

"Temos a tecnologia para construir mísseis de maior alcance (mais que 2.000 km), mas não precisamos nem tentamos fazê-lo", declarou.

Os programas espacial e de mísseis do Irã preocupam os países ocidentais, que temem que Teerã desenvolva uma capacidade balística que permite lançar eventuais armas nucleares.

Esta ameaça foi destacada para justificar o projeto da Otan de estabelecer um escudo antimísseis na Europa.

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