Agência France-Presse
postado em 29/06/2011 16:22
PARIS - A Grécia acaba de aprovar um ambicioso plano de austeridade para continuar recebendo assistência financeira internacional e evitar a quebra. Assim como Atenas, outros países europeus aplicam cortes com os quais esperam reduzir seu déficit público.GRÉCIA:
Atenas adotou em maio de 2010 um plano de austeridade sem precedentes para reduzir seu déficit público a 1% em 2014. Em troca do estrito cumprimento desse plano, os países da zona do euro e o Fundo Monetário Internacional (FMI) fecharam com a Grécia um plano trienal de empréstimos de 110 bilhões de euros, para permitir que o país se financiasse a uma taxa razoável.
Em 2010, as medidas adotadas (congelamento de aposentadorias, cortes nos salários dos funcionários públicos, aumento do Imposto sobre Valor Agregado, luta contra a sonegação fiscal) reduziram o déficit em cinco pontos, a 10,5% do PIB, um nível ainda superior ao previsto inicialmente.
Vendo que os mercados continuavam exigindo taxas proibitivas, Atenas se viu obrigada a pedir nova ajuda a UE e FMI para evitar a suspensão de pagamentos. O governo aplicará um novo plano de austeridade entre 2012 e 2015, que se consiste em 24,4 bilhões de euros em cortes e 50 bilhões de euros em privatizações.
ITÁLIA:
Sob pressão das agências de classificação de risco, que ameaçam derrubar a dívida italiana, o governo prevê adotar na quinta-feira um novo plano de austeridade de 43 bilhões de euros, para cumprir seu compromisso de conseguir um equilíbrio orçamentário em 2014.
A maioria das medidas está prevista para os anos 2013-2014. Para 2011 e 2012, já estão previstos cortes no valor de 25 bilhões de euros, segundo um plano adotado no ano passado.
O novo plano prevê aumentar a idade de aposentadoria, reduzir os gastos em saúde, prolongar até 2014 o congelamento de salários e de contratações no setor público e reduzir os salários dos ministros. Em paralelo, o governo quer baixar o imposto de renda. Compensará essa medida reduzindo os nichos fiscais e aumentando as taxas sobre a entrada de fluxos financeiros ao país.
ESPANHA:
Sob pressão internacional, a Espanha realizou nos últimos meses reformas no mercado de trabalho e no sistema bancário, promovendo a fusão de caixas de poupança regionais, fragilizadas pela explosão da bolha imobiliária. Adotou um plano de rigor para reduzir o déficit público de 9,2% alcançado no ano passado para 6% este ano, e a 3% do PIB em 2013.
Entre as medidas mais emblemáticas e impopulares estão a redução em 5% dos salários dos funcionários públicos, o congelamento das aposentadorias, e a supressão de ajudas como o "cheque bebê", de 2.500 euros, concedido no nascimento de cada criança.
PORTUGAL:
Em troca de um plano de ajuda de 78 bilhões de euros concedido em maio por UE e FMI, Lisboa terá de reduzir seu déficit de 9,1% do PIB no ano passado para 5,9% este ano, com uma meta de 3% em 2013.
Constrangido pela assistência financeira externa, o governo terá de "flexibilizar" o mercado de trabalho, promover a livre competição na energia e nas telecomunicações e reduzir o número de funcionários públicos. Também terá de privatizar várias empresas, como a companhia aérea TAP.
O novo governo conservador de Pedro Passos Coelho apresentou medidas suplementares, como a suspensão da construção da linha de alta velocidade Lisboa-Madri ou a privatização de meios de comunicação públicos.
REINO UNIDO:
Londres adotou o plano de rigor mais severo dos grandes países industrializados desde o início da crise financeira, para eliminar o déficit público até 2015. O plano combina uma redução dos gastos do Estado e das administrações locais, aumentos de impostos e a destruição de mais de 300.000 postos de trabalho no setor público.
IRLANDA:
A UE e o FMI fecharam com a ilha no fim de 2010 um plano de resgate de 85 bilhões de euros. Dublin comprometeu-se em troca a tomar medidas para sanar suas contas públicas, reformar sua economia e reestruturar seus bancos, devastados pela crise das hipotecas subprime.
O déficit público disparou para 32% do PIB no ano passado, pela decisão do governo de assumir em seu orçamento as dívidas dos bancos privados. O executivo quer este ano reduzir o déficit a 10,6% do PIB.