Agência France-Presse
postado em 29/06/2011 20:04
WASHINGTON - O presidente Barack Obama fez um apelo, nesta quarta-feira, a seus aliados democratas e aos adversários republicanos a sacrificarem as "vacas sagradas", para chegar a um acordo de redução do déficit fiscal dos Estados Unidos, a fim de evitar um default, de consequências "imprevisíveis".Em entrevista à imprensa, o presidente americano disse que seu partido deve aceitar reduções de gastos e os republicanos, aumentos dos impostos para os mais ricos.
"As reduções de impostos que estou propondo eliminar são as isenções para os milionários e bilionários, para as companhias de petróleo e administradoras de fundos especulativos e para empresas corporativas", declarou Obama no East Room, da Casa Branca.
O presidente advertiu o Congresso sobre as consequências "importantes" e "imprevisíveis" para os Estados Unidos, se não houver um acordo rápido.
"Se os Estados Unidos - pela primeira vez - não puderem pagar suas contas, declarando-se em default, as consequências para a economia americana serão importantes e imprevisíveis e isso não é bom", afirmou Obama em entrevista à imprensa.
"Ninguém quer pôr em risco a reputação dos Estados Unidos de honrar as suas dívidas. Ninguém quer que os Estados Unidos declarem moratória. Em consequência, devemos aproveitar o momento e pronto", alertou.
O presidente citou, ironizando, o fato de suas filhas "Malia y Sasha realizarem seus deveres com um dia de antecedência. Não esperam. E têm 13 e 10 anos. O Congresso pode fazer o mesmo", afirmou, prometendo fazer todo o possível para conseguir um acordo.
"O vice-presidente (Joe Biden) e eu daremos continuidade a essas negociações com os líderes dos dois partidos no Congresso, pelo tempo que for necesario. Chegaremos a um acordo que permitirá a nosso governo viver com os próprios meios", afirmou.
A presidência e o Congresso estão comprometidos em difíceis negociações para evitar a inadimplência nos pagamentos da dívida americana antes do início de agosto. O Congresso precisa elevar o limite legal de endividamiento do país, que não para de inchar, lembrou.
A dívida bruta do Estado federal, situada em 14,3 trilhões de dólares, alcançou em meados de maio o teto autorizado pelo Congresso. Os adversários republicanos de Obama, que são maioria na Câmara de Representantes, condicionam seu apoio a um aumento do teto da dívida à realização de cortes drásticos no orçamento. O Tesouro estima que o país não poderá honrar os empréstimos contraídos se o Congresso não modificar para mais o teto da dívida, até 2 de agosto.
As discrepâncias entre os negociadores dos dois partidos são observadas com preocupação pelas instâncias internacionais, num momento em que a dívida grega corrói a confiança e a economia americana sofre para superar a recessão de 2007-2009.
O Fundo Monetário Internacional exortou Washington, nesta quarta-feira, a manter a "credibilidade orçamentária" ante o risco que representaria para o sistema mundial um rebaixamento da nota de sua dívida, por parte das agências de classificação de risco.