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Primeira mulher eleita para governar a Tailândia negocia coalizão

postado em 05/07/2011 08:00
A primeira mulher eleita para governar a Tailândia, Yingluck Shinawatra, anunciou ontem acordos com quatro partidos menores para encabeçar uma coalizão de governo, embora sua legenda, o Pheu Thai, tenha conquistado sozinho a maioria parlamentar. Com 98% dos votos apurados, as projeções indicavam que a nova premiê, irmã do ex-chefe de governo Thaksin Shinawatra, contará com o apoio de 299 dos 500 parlamentares. Os militares, que tiveram papel decisivo na deposição do ex-premiê, acusado de corrupção, acataram a vitória da oposição nas urnas.

Com a situação confortável, o novo governo terá caminho livre para dois pontos fundamentais de sua plataforma: a política econômica e o início dos procedimentos que permitam o retorno ao país de Thaksin Shunawatra. As negociações iniciais para a formação do gabinete indicam que o partido da premiê ocupará os ministérios da Defesa, das Relações Exteriores e dos Transportes.

A reconciliação deve ser uma das marcas do governo de Shinawatra, que promete amenizar os choques entre os ;camisas vermelhas; ; como ficaram conhecidos os manifestantes favoráveis à família da premiê, ligados aos setores mais pobres da população ; e os ;camisas amarelas;, identificados com a elite. A tensão entre os dois blocos inflama o país desde que Thaksin Shinawatra foi deposto, há cinco anos, por um golpe militar que colocou no poder os ;camisas amarelas;. A vitória da oposição surpreendeu os Democratas, como são chamados: eles esperavam eleger ao menos 170 parlamentares, mas conseguiram apenas 159 cadeiras.

Mercado tenso
A premiê eleita promete combater a corrupção e fortalecer a economia. Após sua vitória, a moeda tailandesa e o mercado de ações registraram leve valorização, diante da perspectiva de estabilidade política. No entanto, os líderes empresariais estão preocupados com a capacidade do país para bancar as ;reformas populistas; prometidas pelo Pheu Thai. O partido volta ao governo em uma situação marcada pela queda das receitas fiscais, pelo deficit orçamentário e por uma elevada dívida pública que cresce e provoca pressão inflacionária.

Entre as promessas do Pheu Thai estão o aumento do salário mínimo, a melhoria dos sistemas de transporte e saúde e a continuação da concessão de créditos favorecidos nas áreas rurais. Uma das propostas mais ambiciosas é a de fornecer tablets para quase 800 mil novas escolas de ensino infantil a cada ano. Mas se, por um lado, o programa do novo governo exige gastos extras, por outro lado as medidas podem estimular a economia tailandesa, atualmente a segunda maior do Sudeste Asiático.

Yingluck Shinawatra é empresária e não tem qualquer experiência política. Foi selecionada para liderar o partido pelo irmão ex-premiê, que a considera uma espécie de ;clone;. Durante seu governo, Thaksin foi muito popular entre a camada rural mais pobre, mas desagradava a elite da capital, Bangcoc. Depois de mais de cinco anos no poder, ele foi deposto pelos militares em setembro de 2006, e acusado de corrupção e abuso de poder. Em exílio voluntário em Londres e Dubai, o ex-premiê pode ser preso se voltar à Tailândia. No entanto, a vitória surpreendente de sua irmã abre a possibilidade real de que ele seja reabilitado pela Justiça.

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