Mundo

General sérvio-bósnio Ratko Mladic é expulso do próprio julgamento em Haia

postado em 05/07/2011 08:15
O general tira o fone antes de sair à força: Depois de uma sucessão de gritos e de constantes interrupções, o general sérvio-bósnio Ratko Mladic, 69 anos, acusado de genocídio e crimes contra a humanidade, foi expulso ontem do próprio julgamento no Tribunal Penal Internacional para a antiga Iugoslávia (TPII), em Haia. O chefe do exército sérvio-bósnio durante a Guerra da Bósnia (1992-1995) não quis se declarar culpado ou inocente e reclamou por não ter podido escolher sua equipe de defesa. Usando um boné cinza e aparentando boa saúde, Mladic não lembrava o homem frágil capturado em maio em um pequeno vilarejo sérvio, depois de ter passado 16 anos foragido. Ele pode ser condenado à prisão perpétua pelo massacre de muçulmanos em Srebrenica e por sangrentos ataques à capital bósnia, Sarajevo.

Mladic tinha ameaçado não comparecer à primeira audiência, mas, embora presente, desacatou as normas do tribunal. ;Quem são vocês para impor a minha defesa, que espécie de tribunal é este?;, gritou o general sévio-bósnio, antes de ser retirado da sala à força. Por causa da confusão, o juiz Alfons Orie fez uma declaração de inocência, em nome do acusado, conforme está previsto no regulamento do TPII.

;O ;espetáculo; de Mladic imita a aparição do ex-presidente sérvio Slobodan Milosevic, há 10 anos, e do líder servio-bósnio Radovan Karadzic, mais recentemente. Os outros casos mostraram que esse tipo de comportamento pode atrasar o julgamento, mas não pode detê-lo;, explicou ao Correio Diane Marie Amann, professora de direito internacional da Universidade da Georgia (EUA).

De acordo com a especialista americana, na próxima fase do julgamento será definida a equipe de defesa. ;Aparentemente, Mladic não quis conversar com o advogado designado pela Corte. Como Milosevic e Karadzic antes dele, o acusado deve representar a si mesmo no julgamento;, apontou Amann. O militar sérvio-bósnio pediu prazo de 30 dias para preparar sua apresentação diante do tribunal, e teria escolhido dois juristas como assessores, mas segundo o tribunal a escolha foi tardia e os representantes nem sequer estavam na Holanda.

Tags

Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor. As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação