Agência France-Presse
postado em 06/07/2011 13:08
Londres - O caso das escutas telefônicas ilegais do tablóide britânico News of the World provocou um escândalo nacional nesta quarta-feira (6/7) ao revelar que algumas famílias de vítimas dos atentados de 7 de julho de 2005 em Londres podem ter tido os telefones grampeados.O parlamento britânico convocou uma sessão de urgência para debater se deve haver uma investigação pública independente sobre as práticas da imprensa sensacionalista em geral e principalmente do jornal de propriedade do conglomerado do magnata Rupert Murdoch, News Corp., depois que o caso, que inicialmente afetava pessoas públicas, tomou um rumo mais assustador.
O primeiro-ministro David Cameron apoiou a necessidade de haver um ou vários inquéritos sobre revelações "absolutamente repugnantes", mas descartou que isso possa encerrar a segunda investigação policial aberta no início do ano com a chamada Operação Weeting. "Precisamos de uma investigação sobre o que tem acontecido", declarou durante um debate com o líder da oposição, Ed Miliband, na sessão semanal de perguntas ao primeiro-ministro no parlamento.
A informação sobre as supostas escutas de parentes de vítimas dos atentados no metrô de Londres só foi feita depois que o News of the World, propriedade de Rupert Murdoch, foi acusado de ter grampeado o correio de voz de uma adolescente desaparecida em 2002, Milly Dowler, e que depois foi achada morta.
Graham Foulkes, pai de um jovem de 22 anos morto na explosão da estação de Edgware Road, confirmou à rádio BBC que a policía o contactou para informar que o seu telefone pode ter sido grampeado. "Minha esposa e eu falávamos ao telefone com amigos num contexto muito pessoal e profundamente emocional, e a ideia de que alguém possa estar escutando só para procurar uma manchete é horrível", declarou relembrando os dias depois da tragédia.
O News of the World é alvo de críticas desde 2006, quando começou uma investigação sobre as escutas ilegais de dezenas de personalidades britânicas. Apenas um jornalista especializado em temas da realeza, Clive Goodman, e um detetive do jornal, Glenn Mulcaire, foram presos por grampear celulares para obter informações exclusivas.