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Com cerca de 40% das intenções de voto, Kirchner é favorita a reeleição

postado em 11/07/2011 08:15

Cristina Kirchner conta que decidiu disputar a reeleição para a Presidência da Argentina um dia depois da morte de seu marido, Néstor Kirchner, vítima de um ataque cardíaco em 27 de outubro do ano passado. ;Não foi por ser inteligente ou ambiciosa. Soube (que deveria concorrer) quando milhares e milhares passaram para se despedir dele e gritaram: ;Força, Cristina;;, disse a presidente, com lágrimas nos olhos, durante o anúncio de sua candidatura, no último 21 de junho. O ;sim; da mandatária deu início à corrida eleitoral no país. Os argentinos devem decidir, daqui a cerca de três meses, quem será seu comandante nos próximos quatro anos, e as pesquisas indicam que há grandes chances de uma reeleição.

Os institutos de pesquisa apontam Cristina ; que deve fazer visita oficial ao Brasil em agosto ; à frente da disputa, com 40%, em média, das intenções de voto. O maior trunfo para que ela garanta ao clã Kirchner um período de 12 anos consecutivos no poder está na economia. ;A Argentina, como a maioria dos países da América Latina, está vivendo uma fase crescimento econômico. Por isso, os governos têm uma boa avaliação. Quando as coisas vão bem, dificilmente ficamos sem reeleição;, comenta o especialista argentino Luiz Fernando Ayerbe, coordenador do Centro de Estudos Econômicos e Internacionais da Universidade Estadual Paulista (Unesp).

Além da boa fase econômica, a presidente contra com outra vantagem: uma oposição desunida. Mas ela precisa aproveitar isso ainda no primeiro turno. ;Se ela não ganhar logo, se sua porcentagem de votos for menor do que 40% e a diferença entre ela e o segundo candidato for menos que 10%, é possível que o segundo turno seja polarizado. Nesse caso, ela poderia perder. Na minha opinião, ela ganhará no primeiro turno, caso não surjam problemas vinculados à corrupção;, avalia Raúl Bernal-Meza, professor de relações internacionais da Universidade de Buenos Aires.

Dura com seus adversários, Cristina diz que não é possível deixar ;o país nas mãos dos despreparados;. Mas segundo especialistas, ela não deve buscar o conflito público, especialmente se se mantiver na liderança. ;Ela deve limitar os enfrentamentos políticos mais duros. Outra estratégia será controlar a difusão de notícias que mencionem os problemas de corrupção do seu governo;, diz Bernal-Meza.

Um dos principais adversários de Cristina promete ser Ricardo Alfonsín. O deputado e filho do ex-presidente Raúl Alfonsín (1983-1989) faz parte do forte partido União Cívica Radical. Ele é o segundo nas pesquisas, com média de 13% das intenções. ;É o grupo político mais antigo do país, mas os dois presidentes que chegaram até o poder, Alfonsín e Fernando de La Rúa, não chegaram até o fim do mandato. O candidato tem força e seu vice, Javier González Fraga, é um economista bastante respeitado;, aponta Ayerbe.

Em terceiro lugar (cerca de 11% nas pesquisas), está Hermes Binner, socialista e governador da província de Santa Fé. O ex-presidente Eduardo Duhalde(2002-2003), que ficou pouco tempo no governo depois da renúncia de Fernando de La Rúa, aparece em quarto lugar nas pesquisas. Apesar de ser do Partido Judicialista, o mesmo da presidente, ele formou outra coalizão.

Inconsistência
Para Lincoln Bizzozero, investigador do Programa de Política Internacional da Universidade da República, em Montevidéu, o jogo político e a força do sobrenome Kirchner fortaleceram a presidente e deixaram a oposição ainda mais dispersa. ;A oposição não parece consistente. Duhalde ficou só na parte opositora do Partido Judicialista, porque Cristina conseguiu, sobretudo depois da morte do marido, juntar o peronismo provincial e os dissidentes. Alfonsín desdenhou de uma possível aliança com o socialismo, o que podia ter ampliado suas bases. No meu entender, é mais provável que a principal oposição venha de Binner, que pode construir outras alianças;, calcula o uruguaio.

Cristina começou a campanha com uma importante decisão. Depois de uma briga com seu vice-presidente, Julio Cobos ; os dois não se falam desde de 2008, quando ele votou contra uma medida do governo ;, ela resolveu anunciar uma parceria com quem considera um de seus grandes aliados dentro de sua equipe: Amado Boudou, o jovem e dinâmico ministro da Economia. É Boudou o vice na chapa da presidente. ;O atual cenário não deve mudar até o fim das eleições. Os conflitos devem surgir no ano que vem, em um segundo mandato, quando ela terá de lidar com um partido divido;, conclui Ayerbe.

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