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Talibãs matam irmão mais novo do presidente do Afeganistão

Agência France-Presse
postado em 12/07/2011 09:05
Cabul - Ahmed Wali Karzai, irmão mais novo do presidente do Afeganistão Hamid Karzai e homem forte do sul do país, foi assassinado em sua casa em Kandahar nesta terça-feira, anunciaram as autoridades afegãs, um crime que foi reivindicado pelos insurgentes talibãs.

O assassinato desta figura polêmica, acusada de envolvimento com o narcotráfico, representa um grave revés para o regime, já que Wali Karzai constituía um forte apoio para o irmão nesta instável e estratégica região onde as forças da Otan combatem os guerrilheiros talibãs.

"Podemos confirmar que foi assassinado", declarou à AFP o porta-voz do governo provincial de Kandahar, Zalmay Ayubi.

O porta-voz do ministério afegão do Interior, Seddiq Seddiqi, também confirmou o "atentado" contra o irmão de Karzai e sua morte.

Um porta-voz talibã, Yusuf Ahmadi, disse em ligação telefônica à AFP que o grupo encomendou recentemente a morte de Ahmed Wali Karzai, um homem poderoso e controverso no sul afegão.

"É um de nossos maiores êxitos desde que começou a ofensiva (da primavera - hemisfério norte). Recentemente havíamos encomendado a Sardar Mohamad que o matasse", declarou Ahmadi. "Sardar Mohamad também morreu", completou.

O assassinato aconteceu pouco antes do presidente afegão receber o colega francês, Nicolas Sarkozy, que faz uma visita não anunciada ao Afeganistão e durante a qual comunicou que a França retirará mil de seus 4.000 militares do país até o fim de 2012.

Um membro da agência de inteligência afegã (NDS), que pediu anonimato afirmou à AFP, disse que Sardar Ahmad era amigo de Ahmed Wali Karzai.

"Ele visitou Wali em sua residência. Estavam sozinhos em um cômodo, ele sacou a pistola e o matou. Os seguranças entraram no local e mataram Sardar", declarou a fonte da NDS.

Ahmed Wali Karzai foi acusado de corrupção e ligação com o narcotráfico por várias vezes nos últimos anos. As denúncias partiram dos serviços de inteligência dos Estados Unidos e da imprensa deste país. Karzai sempre negou as acusações e afirmava que não existiam provas contra ele.

"Se alguém tiver provas ou documentos contra mim, que os apresente e eu estarei disposto a comparecer a um tribunal", declarou, depois de ter sido acusado pelo jornal americano New York Times.As acusações foram reiteradas por telegramas diplomáticos confidenciais redigidos na embaixada americana de Cabul e divulgados pelo site Wikileaks.

A província de Kandahar, na fronteira com o Paquistão, é uma área histórica dos talibãs e uma das regiões mais instáveis do Afeganistão.

Em maio de 2009, Ahmed Wali Karzai anunciou que havia escapado ileso de uma emboscada contra seu comboio na província de Cabul.

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