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Parlamento de Israel proíbe boicote às colônias

Jerusalém - O Parlamento israelense aprovou na segunda-feira (11/7) à noite uma lei promovida pela extrema direita e pelo lobby dos colonos que proíbe incitar ao boicote das colônias construídas em território palestino ocupado.

Os artistas que se negarem a atuar nas colônias, os professores que rejeitarem publicamente dar conferências nelas e as associações que incentivarem o povo a não consumir seus produtos, como foi o caso no ano passado, estarão sujeitos agora a pagar grandes multas e indenizações.

A lei foi adotada no Parlamento apesar da oposição do conselheiro jurídico da Câmara, Eyal Yinon, que advertiu que se "choca claramente com o direito de expressão em Israel" e que, por isso, pode ser anulada pela Suprema Corte.

Na coalizão de poder, sete ministros, entre eles o chefe de Governo, Benjamin Netanyahu, manifestaram suas reservas se abstendo de participar da votação, inquietos, segundo a imprensa, de que a imagem do país no exterior se degrade ainda mais.

No entanto, não votaram contra um texto apresentado pelo partido Likud de Netanyahu, do qual aprovam os motivos: combater qualquer tentativa de boicotar Israel, chegando ao extremo de considerar o boicote das colônias construídas em território palestino ocupado como um ataque ao Estado.

A oposição de esquerda e os países árabes se mobilizaram contra, mas como no total têm apenas 20 deputados, foram incapazes de impedir a adoção da lei, aprovada por 47 votos a favor e 38 contra, em um Parlamento composto por 120 deputados.

"Em virtude da nova lei, Israel teria um fundamento para sancionar os membros da comunidade internacional que se negarem a reconhecer a situação ilegal associada à empresa colonizadora israelense nos territórios palestinos ocupados", advertiu o negociador palestino Saeb Erakat.

O movimento israelense contrário à colonização A Paz Agora empreendeu nesta terça-feira uma campanha de protesto.

"Não temos a intenção de obedecer esta lei, e faremos campanha contra ela, porque qualquer pessoa que comprar produtos das colônias contribui para perpetuar a ocupação", afirmou à AFP Hagit Ofran, responsável por esta organização.

Várias organizações não governamentais israelenses anunciaram que apresentarão um recurso diante da Suprema Corte.

A imprensa israelense em geral criticou a nova lei.

"Não há razão para proibir os esquerdistas de boicotarem as colônias, ao mesmo tempo em que se permite aos judeus ultraortodoxos boicotar as lojas que vendem porco", escreveu o jornal Maariv.

"Esta lei limita a liberdade de expressão e de protesto", constatou o jornal de maior tiragem do país, o Yediot Aharonot.

Para a ex-conselheira jurídica do Parlamento Nurith Elstein, "a nova legislação, que se soma a outras leis adotadas pela presente Kneset, mostra que o poder já não se contém na hora de impor sua vontade".