Agência France-Presse
postado em 12/07/2011 17:06
LIMA - A equipe econômica do esquerdista recém-eleito, Ollanta Humala, acusou nesta terça-feira (12/7) o governo do ex-presidente, o dereitista Alan García, de frear a economia peruana com decisões ruins, que constituiriam um boicote e que buscariam "complicar" a nova administração.A acusação acontece 15 dias antes de Humala - um militar da reserva de 49 anos - tomar posse, no dia 28 de julho, pelas mãos de Alan García, que, no segundo turno eleitoral de 5 de junho, apoiou a derrotada candidata direitista, Keiko Fujimori, filha do condenado ex-presidente Alberto Fujimori.
O suposto complô econômico teria sido realizado através da diminuição dos investimentos, com uma redução do imposto sobre as vendas e por um aumento no número de empregados do Estado. "A gestão do presidente eleito receberá uma economia que foi desaquecida nos últimos meses; houve uma constante queda nas taxas de crescimento do PIB", disse o economista Félix Jiménez, chefe econômico da equipe de transição, em uma coletiva de imprensa para anunciar esta preocupação.
Kurt Burneo, que provavelmente será nomeado ministro da Economia por Humala, afirmou que o governo de García "busca criar a falsa impressão de que a nova gestão receberá muito dinheiro para utilizá-lo de maneira livre, sendo que isso é falso".
Ante os questionamentos, o chanceler José García Belaunde disse que "é preciso ter "muita cara-de-pau" para queixar-se, sendo que o novo governo "receberá, como nenhum outro na história do Peru, a economia impecável, com superávit fiscal, crescimento das exportações, crescimento do PIB".
Contudo, o analista Jorge Gonzales, da Universidade do Pacífico, disse à AFP que de fato tem havido uma desaceleração da economia. "Em janeiro, a economia cresceu pouco mais de 10% e nos últimos cinco meses houve queda de quase 50% no crescimento; essa é uma realidade que não pode se negada", disse.
O investimento público, disse, também sofre desaceleração "porque o governo de García congelou estes investimentos de abril a maio". Do lado de Humala, Oscar Dancourt, ex-diretor do Banco Central, advertiu que existe uma "freagem da economia", e disse que "o ministro da Economia (Ismael Benavides) reduziu os investimentos mais do que devia". "Antes, o crescimento era de 10% anual e agora está em 4% a 5%".
A congressista Marisol Espinoza, vice-presidenta eleita e coordenadora da Comissão de Transferência, denunciou que "estão sendo entregues gabinetes de trabalho sem controle e isso representa um boicote ao governo entrante". "Estão deixando funcionários governistas sem capacidade nem experiência em postos onde se tomam importantes decisões de governo", disse, detalhando que nos cinco anos de García "a planilha de funcionários do Estado cresceu em umas 40.000 pessoas".
Em resposta, o atual ministro da Economia afirmou que o novo governo herdará "uma economia sólida" com "um PIB que cresceu 7,5% no primeiro semestre, contudo com uma tendência decrescente devido às óbvias inseguranças trazidas pela mudança de governo".